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Desafios para a superação das desigualdades sociaisos próprios referenciais de leitura do mundo. Destacaram também os recursos audiovisuais comofacilitadores desse processo de identificação do adulto e de contextualização de suas histórias de vida.Nessa mesma questão dos textos apresentados pelo programa, os educandos investigados,também se mostraram receptivos. Nas situações de uso do software no laboratório as discussõestemáticas a partir dos textos selecionados ensejaram variadas situações comunicativas, dentre as quaisa socialização das escritas individuais, a realização em duplas de atividades com as unidades menoresda escrita e diálogos a partir dos textos lidos e do registro escrito das narrativas orais. O texto deTerezinha ilustra essas trocas, pois ganhou forma após ela ter acessado os relatos de outros adultossobre brincadeiras de infância ontem e hoje.Minha infância foi um tempo bom. Brincava de roda e desde criança levava jeitopara vender. Fabricava meus próprios brinquedos: panelinhas e bonecos de argila.Na época de milho os bonecos eram de palha. Minha primeira e única boneca ganheiaos 9 anos [...] Aprendi a mexer com barro com minha madrinha. Fazia louça debarro para vender na feira e era a primeira a vender tudo. Usava o dinheiro paracomprar coisas de casa para a mãe e a vó: rapadura, café, açúcar. Tudo coisas denecessidade. Eu tinha 7 anos.Nos encontros no laboratório de informática, os adultos foram incentivados a dialogar entre sie socializar seus relatos e, nesse diálogo surgiram vários temas de identidade do grupo: infância,família, local de origem, trabalho e estudar. O conjunto das produções escritas dos alfabetizandosexpressou trajetórias de vida semelhantes e parece confirmar afinidades entre a seleção textual dosoftware e os saberes de experiência construídos nos percursos existenciais dos adultos investigados.À medida que se sentia motivado a contar suas histórias, o grupo encontrava semelhanças e diferençasnas narrativas de cada um. Trajetórias diferentes que tem em comum o lugar de referência ocupadopela família, a valorização da infância, a vida na cidade grande e o trabalho na roça.Isso se vê no texto de Vítor que retrata também o significado da condição de não-alfabetizadotrazendo como problemática as situações constrangedoras às quais uma pessoa nessa condição podeficar exposta:Tenho 50 anos. Meu filho mais novo, Leonardo, vai agora para a sétima série. Vaifazer um ano que voltei a estudar e já leio um pouco. Na juventude não tive chanceporque trabalhava na lavoura, no norte do Paraná e a escola era longe. Por não saberler fico dependendo dos outros e os outros às vezes são perversos.Já Edivaldo achou bonito o jeito do poeta Casimiro de Abreu se lembrar da infância eescreveu seu próprio depoimento:Eu aprendi que uma pessoa deve lembrar com carinho de três coisas na vida: dainfância, da mulher e dos filhos. Graças a Deus eu tenho todas essas lembranças.De um modo geral, durante a exploração do software no computador os adultos identificaramfacilidades e dificuldades próprias do processo de construção da língua escrita e tomaram comoreferência para avaliar as atividades realizadas, o próprio momento de aprendizagem. Mostraramconsciência de que o que é fácil para uma pessoa pode não ser para outra, daí mencionarem comoimportante receber orientação, trocar informações com os colegas e ser incentivado a tentar resolversozinho determinada situação. Mencionaram que quanto mais praticavam melhor entendiam oprograma. Não se preocupavam em danificar a máquina e entendiam o espaço do laboratório como umlugar de tentativas e exploração.Nas entrevistas confirmaram dificuldades advindas de sua condição de analfabetismo, porémdemonstraram clareza quanto à função da escrita também presente no mundo da informação, bemcomo sobre a utilização desses conhecimentos no cotidiano de todas as pessoas, incluso eles.270E: O senhor achou fácil lidar no computador. Como é que foi?V: No começo eu tava meio em dúvida, mas a gente vai praticando. É bom. Eu nãoquero que para não. Eu quero continuar.

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