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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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PARTE II - MEMÓRIA DOS DIREITOS HUMANOSsociedades. Constatamos que a violência não é um fato pontual que desaparecesimplesmente ao cessar o ato violento. A violência não se apaga sincronicamenteao virar a página do tempo. A violência tem uma persistência diacrônica cujosefeitos perduram no tempo. A lógica do tempo linear não se aplica à violência,seu passado é presente. A violência continua a existir mesmo quando termina oato violento. Ela lateja como potência ativa nos sujeitos e sociedades que contaminou.A violência contém uma consistência tal que contamina as estruturas,instituições e pessoas que toca.Para entendermos criticamente a história de violência e barbárie que assolanosso continente, assim como para pensar estratégias que possam neutralizar aviolência de Estado, temos que analisar suas entranhas da Górgona, sua potênciamimética.A violência não desaparece, sem mais, quando se termina de violentar o outro.Ela tem uma vigência, qual eco contaminador, nas sequelas que deixa tantonas vítimas como nos violadores 111 . Esse caráter inconcluso de toda violência,costura uma linha de continuidade entre a violência do passado e nossa violênciapresente. Embora nos pareça imperceptível, essa linha alimenta muitas dascondutas violentas que atualmente nos apavoram. Ela está ativa nas práticas deviolência institucional de muitos corpos do Estado e também na violência socialque impregna nossas sociedades. A violência foi muito mais do que o mito fundadorde nossas sociedades latino-americanas, ela foi a barbárie legitimadora desuas instituições, que começou nas lógicas colonialistas e teve continuidade nosEstados autoritários.A violência do nosso presente está conectada com a violência histórica malresolvida. Uma sociedade violenta, com agentes violentos, com instituições violentas,com valores e hábitos sociais violentos, se quiser entender-se criticamente,tem que procurar sua gênese para além do imediatismo do seu presente. Há algode intangível na nossa história de violência que dificulta sua neutralização e seperpetua como sombra da nossa realidade.Os estados de exceção vividos nas últimas décadas do século XX no conjuntodos países do Cone Sul latino-americano, não devem ser lidos como merosepisódios pontuais da violência histórica. A simples análise política dos fatos,sendo importante, não possibilita uma compreensão plena de porque a violência112111 Sobre a potência mimética da violência remetemos à obra de GIRARD, Rene. A violênciae o sagrado. São Paulo: Paz e Terra/UNESP, 1990.

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