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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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ecidos, presos ou foragidos, irmãs, amigas, militantes, que se deu início a umadas mais belas movimentações políticas da sociedade civil brasileira.No Rio Grande do Sul constituiu-se o segundo núcleo do MFPA, sob a liderançada socióloga Lícia Peres 25 , que se desdobrou em atividades de conscientizaçãosocial, galvanizando setores organizados como a igreja, os estudantes, os políticose a população de um modo geral 26 . Em 1978, criam-se os Comitês Brasileiros deAnistia, que tiveram atuação decisiva na mobilização da opinião pública em prolda libertação dos presos políticos e do retorno dos exilados. No Rio Grande doSul, o CBA foi presidido por Raquel Cunha e atuou em conjunto com o MFPA.Ficaram célebres as vitoriosas campanhas desenvolvidas pela libertação de FlávioKoutzii, Flávia Schilling e Flávio Tavares 27 .É preciso entender que no contexto de mobilização nacional pela anistia opróprio regime militar dividia-se entre uma linha dura e uma linha favorável aoabrandamento do autoritarismo tendo em vista uma passagem controlada à democraciaformal. Portanto, havia um importante flanco a ser explorado entre ospróprios apoiadores da ditadura. A mobilização dos movimentos e comitês pelaanistia foi decisiva para fortalecer os setores da ditadura favoráveis à abertura,ainda que “lenta e gradual”.O trabalho político corajosamente desenvolvido pelos movimentos e comitêspela anistia espalhados por todo o Brasil, além de darem um belo exemplo deengajamento e mobilização popular, já preparando o terreno para a campanhadas Diretas, conseguiu minar os setores mais radicais da ditadura e garantir um25 Como a própria Lícia Peres conta, foi instada por Dilma Roussef a organizar um núcleo femininode luta pela anistia no Rio Grande do Sul (PERES, Lícia. Movimento feminino pela anistiano Rio Grande do Sul. In: PADRÓS, Enrique Serra; BARBOSA, Vânia M.; LOPEZ, VanessaAlbertinence; FERNANDES, Ananda Simões (Orgs.). A ditadura de segurança nacional noRio Grande do Sul (1964-1985): história e memória. Porto Alegre: CORAG, 2009. v.4. p. 103).26 Um episódio que ilustra bem a forte atividade desse núcleo ocorreu durante o velório do ex--Presidente João Goulart em São Borja. Mila Cauduro, a vice-presidente no núcleo gaúcho colocoua faixa da Anistia sobre o caixão de Jango. A foto tirada percorreu o mundo todo. Na missa de 30dias da sua morte, a igreja da Matriz em Porto Alegre estava lotada, com grande aglomeração depessoas em torno da escadaria. Mila gritou a palavra “Anistia”, que contagiou a multidão e acaboupor provocar uma repressão imediata e brutal por parte da polícia de choque (Ibidem, p.110).27 Especificamente sobre esta campanha e amplamente sobre a movimentação popular em prolda anistia na segunda metade da década de 70 ver o aprofundado e detalhado estudo de CarlaRodeghero, Gabriel Dienstmann e Tatiana Trindade: RODEGHERO, Carla Simone; DIENST-MANN, Gabriel; TRINDADE, Tatiana. Anistia ampla, geral e irrestrita: história de uma lutainconclusa. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, <strong>2011</strong>.3 - A AMBIGUIDADE DA ANISTIA NO BRASIL - José Carlos M. da Silva Filho45

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