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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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de exceção. Os torturadores de Guantánamo são discípulos daqueles que na Escoladas Américas ensinaram técnicas de tortura aos militares do Cone Sul e outrospaíses latino-americanos. Guantánamo é o paradigma da reprodução miméticado campo em que a vida humana se torna pura vida nua no estado de exceção.PARTE II - MEMÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS5.4.6 A potência mimética não se detém na subjetividade humana, ela contaminatambém as instituições e estruturas sociais. A potência mimética tende acontaminar o conjunto das relações sociais tornando a violência um hábito cultural.Ela inocula-se nos âmbitos institucionais do Estado sob o manto de tática normalpara governar as vidas perigosas. A legitimação da violência no Estado contém umpotencial que a torna mais perigosa, já que o Estado detém o monopólio legal daviolência. A ele cabe o direito exclusivo de monopolizar toda a violência, comodispositivo para defender-se da violência dos outros 119 . A coexistência, no Estado,do monopólio legal da violência e a persistência de uma potência mimética,produz uma combinação sombria e ameaçadora para o conjunto da sociedade.A potência mimética permanece oculta nas instituições do Estado sob o véu donaturalismo, tendendo a consolidar o que podemos denominar de uma culturada violência. As instituições não estão isentas desta contaminação. Pelo contrário,na medida em que o mimetismo da violência se torna algo normal numa sociedade,as instituições tendem a serem naturalmente violentas. A violência tende aincorporar-se como parte natural de seu agir institucional.O potencial mimético da violência também se inocula nas práticas institucionaisao ponto de torná-las práticas normais de governo. Ao deter o monopóliolegal do uso da violência, o Estado se arbitra como uma forma de violência legalcuja única legitimidade é a de defender de outra qualquer violência que ameacea vida humana inocente. Mas quando a mimese da violência latente em muitasinstituições do Estado induz a praticar a violência como uma tática de governo, apotência letal dessa violência se multiplica ao extremo. A combinação de mimesee monopólio da violência, quando devidamente articulada, se torna uma temívelmáquina biopolítica de controle humano em grande escala. A barbárie em grandeescala das últimas ditaduras militares se explica, em grande parte, porque omimetismo da violência não foi desconstruído e continua contaminando muitas118119 Este seria um dispositivo imunitário que a biopolítica utiliza como mecanismo para sacrificarumas vidas, que considerar ameaçadoras, para preservar as vidas normais. Sobre a dimensãoda biopolítica cf. ESPOSITO, Roberto. Immunitas. Protección y negación de la vida. Madrid:Amorrurtu, 2005

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