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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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PARTE IV - SITUAÇÃO ATUAL DOS DIREITOS HUMANOS424A convivência em um ambiente projetado para o acolhimento e as trocasmostrou-se importante mo mento, de preparação de passagem, entre o dentro eo fora. Mas foram os pequenos gestos, ligados a experiências concretas, do dia-a--dia, que mais fundo tocaram. Neles, encontraram-se potências como partes doato de sentir, se emocio nar, sonhar. Aspectos estes empobrecidos na fragilidadedessas vidas ig noradas.Desde que iniciamos na oficina buscamos interlocução com o lado de forada instituição. Do ponto de vista político, tal proposta se inscreve na ordem dainclusão social, movimento caro ao ideário da Reforma Psiquiátrica. Por outrolado, do ponto de vista da clínica, a questão do laço social está diretamente vinculadaà inscrição do su jeito e, neste sentido, nos interessava ao nos debruçarmossobre o que entendemos ser uma clínica da psicose. Ganhamos o espaço da rua,através de inúmeras exposições de arte, em imagens cedidas para ilustrações decapas de livros, calendá rios e folders, em postais e convites de formatura, além dasfilmagens em vídeos e en saios fotográficos. Ações que têm trazido importan tesfrutos para a Oficina de Criatividade e seus frequentadores. Além disto, a oficinae seus acontecimentos saíram de entre muros do hospício, através da produçãoacadêmica, dos muitos estagiários e pesquisadores, que se tra duziu em estudos decasos, dissertações de mestrado ou tese de doutorado e está no social, nas inúmeraspublicações, como artigos em revistas ou capítulos de livros.Há duzentos anos atrás nossa sociedade empurrou os loucos para trás dosmuros do hospício. Neste momento, ao levar a produção dos internos para forada instituição manicomial se faz uma torção. Vazando para a cidade, que agorase deixa infiltrar pelo discurso do louco, se problematiza a loucura, se questionasua práxis, mas, também, se propõe um retorno à cidadania.Lugares se criam a cada movimento da sociedade. Assim, o Hospício SãoPedro, construído naquele fim da linha do bonde, estava no lugar onde terminavaa técnica, encarregada de transportar os homens, e onde iniciou a técnica paracontê-los. Esta rugosidade do passado, em que ainda se encontram restos decombinações técnicas e de práticas, restos de sujeitos desidentificados, tem sidoestendida, também desde dentro. Assim que, o lugar-oficina tornou-se um novolugar, um lugar de todas as artes, lugar da poiética, da estética, da poesia, dastrocas linguageiras. Com esta arte, que nem sempre cabe nos museus, mas que,ao se fazer como criação artística, também se fez pelos prazeres lúdicos de alegrar avida. (DUFRENNE, apud PASSERON, 1997) Tal como a entendia FernandoDiniz, para quem desenhar é como namorar.

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