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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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meio normal de comportamento. O potencial mimético da violência tende a sereproduzir naqueles que a praticam, fazendo do ato violento uma forma naturalde agir, o que torna a estratégia da violência uma técnica normal de governo.A violência atinge em primeiro lugar as vítimas. A violência é perversa porquenega a alteridade humana. No sentido estrito não se comete violência contra ascoisas, mas só contra as pessoas. A violência existe como produtora de vítimas 116 .Há muitos atos agressivos que destroem coisas, mas só os atos violentos atingemo humano. A violência existe correlativamente à negação total ou parcial da alteridadehumana. Este é o primeiro e principal efeito de toda violência. O fato de aviolência existir como destruidora do humano a torna intrinsecamente perversa.Ela faz das vítimas seu efeito necessário. Sem vítimas não há violência, sem violêncianão há vítimas. Para além de todas as casuísticas que podemos pensar sobre ostipos de violência e as modalidades das vítimas, só há violência quando se produzuma negação da condição humana, uma vítima. Só existe a vítima porque um atoviolento negou nela, total ou parcialmente, sua alteridade humana. A potênciamimética da violência induz a sua prática como ato de normalidade, normalizandoa existência das vítimas como um subproduto inevitável das sociedades. A mimesenaturaliza as vítimas como efeitos colaterais de práticas estruturais, naturalizando--as qual paisagem cotidiana de nossas sociedades. A repetição mimética dos atosde violência, desde a tortura institucional até a violência familiar, a torna algocorriqueiro com o que parece teremos que nos acostumar como parte constitutivado nosso ser cultural ou social. Este é primeiro efeito da mimese.5.4.4 Outro efeito mais perverso da potência mimética da violência se manifestaquando inclusive algumas vítimas tendem a reproduzir nos outros a violênciaque eles sofreram, como algo natural. Por exemplo, muitas vítimas da violênciafamiliar tendem a reproduzir a violência vivida ou sofrida sendo eles verdugoscontra outras vítimas da sua própria família. Esta espiral perversa do mimetismoda violência está no âmago de muita violência familiar contra a mulher, criançase idosos que se reproduz com naturalidade sem que o violento tenha remorso dasua barbárie. O potencial mimético da violência induz o violento a cometê-la de5 - O DIREITO À VERDADE E À MEMÓRIA - POR UMA JUSTIÇA ANAMNÉTICA - Castor M. M. Bartolomé Ruiz116 Uma das derivações políticas da potência mimética é a teoria do sacrifício necessário. Muitasdas perseguições, torturas e mortes de opositores se legitimam como parte do sacrifício necessáriopara salvar o corpo social de um perigo que o ameaça. Neste sentido, a teoria do bode expiatóriocontinua a ser utilizada como técnica política para justificar a repressão e até a morte de opositores.GIRARD, Rene. O bode expiatório. São Paulo: Paulos, 2004115

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