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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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PARTE III - SOCIEDADE DE DIREITOS HUMANOS248Na ótica de Bauman, o Holocausto é o resultado do processo civilizador e seusefeitos. Este acontecimento terrível (um espinho na consciência da humanidade)contém informações cruciais sobre a sociedade, na qual somos membros. A civilização,hoje, inclui campos de extermínio. O Holocausto é mais um item numaampla gama de acontecimentos que abarca muitos casos semelhantes de conflito,preconceito, agressão ou violência; ele revela uma das possibilidades ocultas dasociedade moderna.Na verdade, o Holocausto revela a essência da modernidade; ele é um moradorlegítimo da casa da modernidade; com efeito, um morador que não poderiase sentir em casa e em nenhum outro lugar. Tanto a destruição como a barbáriesão aspectos inseparáveis do que chamamos: civilização. Foi o mundo racional dacivilização moderna que o tornou viável; foi o espírito da racionalidade instrumentale sua forma moderna e burocrática de institucionalização que tornaramesses tipos de soluções não apenas possíveis, mas eminentemente “razoáveis” – eaumentaram sua probabilidade de opção. Para Bauman, o regime nazista há muitodesapareceu, mas seu legado venenoso está longe de morto.Seguindo os passos de Bauman, Morin (2005) concebe a modernidade comoum tempo marcado pela violência. A era planetária se inaugura e se desenvolve na eatravés da violência, da destruição, da exploração feroz das Américas e da África. Éa idade de ferro (guerras, violências, barbárie), na qual nos encontramos. A ciêncianão é apenas elucidadora, é também cega sobre seu próprio devir e contém seusfrutos, como a árvore bíblica do conhecimento, ao mesmo tempo o bem e o mal.A técnica, juntamente com a civilização, trouxe uma nova barbárie, anônima emanipuladora. A palavra razão denota não somente a racionalidade crítica, mas,também, o delírio lógico da racionalização (dogmática, arrogante), cego aos seresconcretos e à complexidade do real. O que tomávamos por avanços da civilizaçãoforam, ao mesmo tempo, avanços da barbárie. Walter Benjamin viu claramenteque havia barbárie na origem das grandes civilizações. Freud viu claramente que acivilização, longe de anular a barbárie, recalcando-a em seus subterrâneos, preparanovas erupções dela. É preciso ver hoje que a civilização tecnocientífica, emborachamada civilizada, produz uma barbárie que lhe é própria. A barbárie não poupounossa época. Em vez de dar início às condições verdadeiramente humanas, mergulhamosna barbárie burocrática e anônima de uma racionalidade instrumental,que é incapaz de contemplar a singularidade de carne e osso de cada ser humano.Produzimos totalidades que destroem todas as singularidades.Nessa perspectiva, pensamos que a questão da educação em ou para os direitos

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