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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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PARTE II - MEMÓRIA DOS DIREITOS HUMANOSà potência mimética da violência. A anamnese é a potência humana que conseguetrazer para a luz aquilo que o recalque tinha ocultado sob a aparência de esquecimento.O ser humano tem a possibilidade de reconstituir seu passado no presente,presentificar o passado ao ponto de torná-lo atual. Essa potência absolutamentesingular é a anamnese. A anamnese não é a mera possibilidade de reter lembranças,como os animais, senão a potência de trazer o passado para o presente. A anamneseresgata os acontecimentos passados e os atualiza. Ela consegue passar da meralembrança animal à reconstituição da memória. A memória é a possibilidade designificar o passado a partir de nosso presente. A anamnese nos permite construiro sentido de nossas lembranças. Ela nos dá o poder de significar o nosso passado,de fazê-lo presente pelo sentido que ele tem para nós hoje. Devido a essa potênciadiacrônica, a anamnese penetra nos porões inacessíveis da violência recalcada ea traz para a luz do presente expondo a sua brutalidade. A potência anamnéticadesmascara a pretensa naturalidade de potência mimética da violência. A anamneserecompõe o acontecimento do passado como uma realidade que toca nosso presente.A anamnese constrói as pontes significativas de uma história ocultada pelorecalque. Deste modo, a anamnese neutraliza a mimese da violência. A violênciasobrevive através da amnésia. Sua potência mimética se reproduz naturalmenteporque se ocultou amnesicamente. A potência mimética resgata as consequênciasperversas de toda violência sobre a vida das vítimas.A memória é produzida pela história da mesma forma que a história é produzidapela memória 125 . A memória produz a história porque quebra a compulsãoatemporal da inteligência biológica animal e introduz a temporalidade na experiênciahumana. Mas não é qualquer memória que neutraliza a potência miméticada violência. Os violentos (os vencedores em geral) também utilizam a memóriacomo recurso para legitimá-la. A memória dos violentos atua como mais umartifício ideológico para legitimar a violência. A memória que tem possibilidadede neutralizar a potência mimética da violência é a que decorre do testemunhodas vítimas. Aqueles que foram vítimas da violência têm uma experiência únicade sua barbárie. Seu testemunho revela a perversão inerente ao ato de violência.O testemunho da vítima atualiza anamneticamente o lado sombrio e terrível daviolência desarmando sua pretensa legitimidade. O testemunho e a testemunhada violência contêm uma potência anamnética singular que mostra a perversão124125 Sobre a relação entre memória e história, cf. RICOEUR, Paul. RICOEUR, Paul. A memóriaa história e o esquecimento. Campinas: Unicamp, 2007.

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