12.07.2015 Views

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

uma violência natural. A insignificância do rosto torna o ser humano vulnerável atoda violência. Ainda poderia se dizer que a violência só é possível porque houveum trabalho prévio de apagamento da significância do rosto do outro. Quandoo violento se confronta com um rosto com significado para ele, a potência miméticada violência se dilui. A diminuição da potência mimética da violência éproporcional ao significado do rosto. Um rosto com pleno significado dissolve apossibilidade de qualquer violência. É muito difícil cometer violência quando sereconhece no outro alguém com um significado importante para mim. Para quea violência aconteça é necessário produzir o violento como um ser que repete aviolência de forma mimética. O violento é um produto, desumanizador, da própriamimese violenta que ele pratica. Ele, ao praticar a violência, se produz a si mesmocomo um ser embrutecido, capaz de cometer a barbárie de forma mimética semqualquer remorso. A potência mimética apaga nele a capacidade de indignar-secom o sofrimento do outro e ativa o dispositivo da normalização que legitima aviolação do outro como um ato natural para um fim desejado. Esta é uma lógicabiopolítica amplamente difundida nas sociedades modernas. O embrutecimentodo violento é uma condição necessária para que a violência possa se reproduzircomo um ato de normalidade institucional e pessoal.Neste ponto cabe lembrar que os torturadores têm que ser produzidos comotais. A terrível Escola das Américas tinha (e ainda tem) como objetivo primeiroproduzir o torturador como um ser insensível para o outro. As técnicas para insensibilizaro torturador são muitas e sofisticadas, cientes de que delas dependea eficiência futura da tortura. Todas estas técnicas de tortura foram amplamenteensinadas, durante as ditaduras, em muitos dos corpos de seguridade dos Estadosdo Cone Sul. Ainda na atualidade, por um efeito mimético não neutralizado, taistécnicas se transmitem de forma subterrânea, clandestina, entre agentes do Estado.Guantánamo é o símbolo contemporâneo dessa continuidade mimética nocontinente. A prática habitual da tortura como técnica de interrogatório contrasuspeitos, consentida e até legitimada em Guantánamo, não é um ato pontualirrelevante, senão a ponta do iceberg que reproduz mimeticamente uma prática deEstado. O fato dela se cometer num território ocupado fora dos EEUU, tambémnão é casual. Guantánamo é o paradigma do campo biopolítico que representa acontinuidade das torturas praticadas neste continente durante os últimos estados5 - O DIREITO À VERDADE E À MEMÓRIA - POR UMA JUSTIÇA ANAMNÉTICA - Castor M. M. Bartolomé Ruizà posse, aos meus poderes. Na sua epifania, na expressão, o sensível ainda captável transmuda-se emresistência total à apreensão”. Id. op. cit. P. 176117

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!