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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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panfletagem e pichações. A vida era intensa, mas não havia cansaço. Eu acho queos jovens não cansam quando se movimentam por razões sociais.As condições de trabalho na fábrica eram horríveis. Tensão o tempo todo.Os riscos de acidentes de trabalho e de mutilação eram constantes. Aquela tensãoque as trabalhadoras viviam… não gosto nem de lembrar o horror que eu tinha deestar ali. Um dia machuquei um dedo e fiquei três meses de licença, mas semprefazendo o trabalho de militante. Recuperada minha saúde deixei a fábrica e volteia trabalhar dando aula de matemática na Escola Cecília Meireles, que ficava naRua Venâncio Aires [em Porto Alegre]. Tinham ocorrido muitas prisões em SãoPaulo e foi nesta situação que fui presa.Foi em um ponto que tinha sido entregue 160 para a polícia por um estudanteque tinha caído 161 , e ainda não tinha dado tempo de trocar. Foi assim que eu fuipresa. Além de mim, acho que umas três pessoas mais, pois a polícia política aindaficou cobrindo esse ponto durante um tempo. Fui presa no dia 11 de Abril de 1972.PARTE II - MEMÓRIA DOS DIREITOS HUMANOSSV: Em uma época que uma parte grande da Ação Popular estava sendopresa também.NC: Tinha muita gente da Ação Popular sendo presa no sul. A maior quedano sul ocorreu em 1972. Bom, aí foram caindo um por um. E aí caiu todo mundo,menos os operários, nenhum deles foi preso, pois só eu sabia como encontrá-los.SV: Como foi a experiência da prisão?NC: A primeira sensação é a mudança da noção de tempo. O tempo nãomais é aquele do relógio. A hora que eles nos enfiam o capuz na cabeça o tempose vai. Já no carro, no caminho do DOPS, o Pedro Seelig 162 começou a me soquear.Minha reação foi exigir ser solta. “Eu não sei quem vocês são, me larga”. Jána entrada do DOPS me colocaram o capuz, então minha reação foi ficar dura.Estaqueei! Então diziam: “Bah, a moça está com tanto medo que não pode nem156160 Entregar era o mesmo que “delatar”, “revelar”. Frequentemente, alguém pego pelas forçasde repressão, era torturado para “entregar” os companheiros de resistência ao regime ou os pontosem que estes se reuniam.161 Cair era o termo equivalente a “ser preso(a)”.162 Pedro Carlos Seelig era chefe regional do DOPS e conhecido torturador. Seu nome apareceem diversos depoimentos de pessoas que sofreram torturas executadas ou comandadas por ele. Éconsiderado por muitos torturados como o mais “frio, eficiente e covarde” torturador que já seteve notícia no Rio Grande do Sul.

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