12.07.2015 Views

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

de violência histórica do passado. Todas as tentativas de esquecimento político daviolência histórica só contribuíram para reforçar sua permanência como práticanormalizada das instituições sociais e do comportamento cotidiano.Esquecimento e violência se atraem e se complementam historicamente.A violência naturalizada faz da barbárie uma forma natural de regulamentaras relações sociais e de resolver os conflitos. A violência normalizada reduplicaseus efeitos ao se constituir em meio legítimo e fim justo para solução de todosos conflitos sociais. Este é o objetivo original das instituições que sancionam aviolência como seu meio legítimo para conseguir determinados fins políticos. Oesquecimento da violência perpetua a barbárie sob a forma de tradição natural.Não poderemos entender muitos dos atuais episódios de violência estrutural queassolam nosso país, como é o caso das milícias armadas no Rio de Janeiro, dapersistência da tortura sistemática por parte de agentes da polícia, entre outras,se não as compreendermos como efeitos decorrentes de uma violência estruturalocultada nas instituições por dispositivos de esquecimento.A violência é narrada desde a perspectiva dos vencedores como uma violêncianatural da história para que avance de forma progressiva a sociedade. O progressose tornou uma categoria manipulada pelos vencedores da história para naturalizara violência como meio legítimo da composição das sociedades. As vítimas“meras florzinhas pisoteadas na beira da história”, segundo Hegel, são olhadascomo efeitos colaterais necessários e inevitáveis. Desta forma o esquecimento daviolência e das consequências trágicas que provoca para as vítimas, se tornou acondição necessária da perpetuação da violência. Porque a violência que se negapelo esquecimento tornará a repetir-se pela impunidade.5.6 MEMÓRIA E VIOLÊNCIA5.6.1 Esboçadas as duas falsas soluções (atos racionalistas formais e políticasde esquecimento) amplamente utilizadas para neutralizar a violência, cabe nosperguntar se ainda podemos ensaiar alguma proposta de solução para tamanhapotência destruidora. Podemos sustentar a tese de que se o esquecimento é a alavancamimética da violência, a memória atua como seu freio. A memória consegueneutralizar, em grande parte, a potência mimética que naturaliza a violência. Cabeperguntar, como a memória consegue dissolver a potência mimética da violência?A memória contém uma potência anamnética que se opõe de forma eficiente5 - O DIREITO À VERDADE E À MEMÓRIA - POR UMA JUSTIÇA ANAMNÉTICA - Castor M. M. Bartolomé Ruiz123

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!