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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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Para entendermos como se deu o embate entre o Estado e a sociedade civilno período ditatorial destaco o papel das mulheres nesse enfrentamento para quea sociedade brasileira, a princípio, se pacificasse com uma anistia política 81 , objetivandocom isso amenizar as heranças negativas daqueles duros anos políticos. Paraisso precisamos voltar ao ano de 1975 quando uma advogada paulista chamadaTherezinha Zerbini 82 iniciou com um grupo pequeno o Movimento Femininopela Anistia (MFPA), inspirado em na Campanha Feminina pela Pacificação daFamília Brasileira (ZERBINI, Anistia, Fundação Perseu Abramo – Mulheres emguarda). Este movimento se espalhou pelo Brasil, chegando ao Rio Grande do Sulmeses depois deste ter se estruturado em São Paulo, e fortalecendo a luta a nívelnacional que alcançou mais oito estados.Para entendermos as ações do MFPA-RS dividimos a sua trajetória em doisperíodos. Os primeiros anos (1975-1976-1977) dizem respeito a formação doMovimento Feminino Pela Anistia no RS e o que chamei de conquista da políticaformal. Nesses três anos o grupo se estruturou em Porto Alegre dando início a buscapor apoiadores, mobilizou ações políticas e estabeleceu relações com os espaçosformais da política. Os três primeiros anos de atividade das mulheres foram deintenso trabalho e marcados por acontecimentos inesperados, como a morte doPresidente golpeado João Goulart que se encontrava no exílio; e as cassações dosVereadores do MDB, Glênio Peres e Marcos Klassmann, apoiadores importantedo grupo pela anistia. Os anos de 1975 até o final de 1977 estão classificados81 Ainda que a anistia seja assunto silenciado na historiografia brasileira é fato que os estudos dessatemática tenham passado por uma ascensão, sobretudo nos últimos dez anos, os estudos realizadosapontam, na maioria das vezes, os Movimentos Femininos pela Anistia de forma tangencial, vistoque os trabalhos analisam o processo de luta pela Anistia no Brasil a partir de documentos elaboradospelos Comitês Brasileiros pela Anistia (CBA’s). Todavia esta historiografia tende a reconhecerque as mulheres do MFPA foram protagonistas e pioneiras, além de terem proporcionado um fértilterreno para os tantos movimentos que se articulariam posteriormente pelas liberdades democráticas.82 Foi durante os meses de outono do ano de 1975 na cidade de São Paulo que pouco menosde uma dúzia de mulheres começou a se reunir para compartilharem suas angústias em relação àsituação política vivenciada no país. A idealizadora Therezinha Godoy Zerbini, criada de formatradicional numa família de fazendeiros de café, era graduada em Direito e tinha quarenta e noveanos de idade quando decidiu disseminar a questão da anistia pelo Brasil. Casada com o generallegalista Euryale Zerbini, que fora cassado na primeira leva pós-1964, respeitava a disciplina militar,mas nunca admitiu injustiças. Após onze anos do golpe militar Therezinha, acompanhada pela filhaEugênia Cristina e outras conhecidas, “lança as bases do primeiro movimento nacional pela anistiapós-1964” (LEITE, 2009, p.113). Foi na mesa de refeições da casa dos Zerbini que Therezinha, afilha Eugênia, Lilá Galvão Figueiredo, Madre Cristina Sodré Dória, Margarida Neves Fernandes,Virgínia Lemos de Vasconcelos, Yara Peres Santestevan e Ana Lobo6 se uniram para formular oMovimento Feminino pela Anistia.4 - A LUTA PELA ANISTIA E OS DIREITOS HUMANOS NO RS: HERANÇAS FEMININAS - Mariluci C. de Vargas79

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