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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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o paciente para adquirir a condição de pessoa com direito a ser respeitada.” (SIL-VEIRA, 1992) Pelo conjunto de seu trabalho, a doutora Nise é reconhecida comoprecursora, no Brasil, de uma nova maneira de se aproximar e de tratar pessoascom doença mental. O trabalho da Dra. Nise é marco humanizador e, ao mesmotempo, revolucionário na questão do respeito ao sujeito portador de sofrimentopsíquico. Nise foi uma figura ímpar, cuja trajetória foi marcada pelo afeto, pelafirmeza de caráter e por sua postura po lítica militante.De um lado, as propostas de Osório César, fundamentadas na psicanálisefreudi ana, e das quais existem, guardadas, algumas centenas de obras. De outrolado, o trabalho de Nise da Silveira, baseada nos estudos de Jung, e que originaramo grande acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, que conta com cercade 300 mil obras. Em comum, ambos propunham a livre expressão como formade desenvolvimento das atividades artísticas e acreditavam no potencial curativoque a ex pressão através da arte possibilitava. Foram tempos em que a produçãonos ateliês era bastante volumosa e de grande qualidade. Alguns dos seus clientesforam reconhecidos como artistas brasileiros.No Hospital Psiquiátrico São Pedro, em agosto de 1990, montamos 249 aOficina de Criatividade, lugar no qual tem sido desenvolvida uma prática implicadacom questões de dor, mas, especialmente, de arte e vida. Nossa tarefa, nosprimeiros anos, sugeria estarmos em um campo de batalha, onde tentávamos, comafoiteza, descobrir corpos ainda vivos, pulsantes 250 . Assim é que, nas ma nhãs desegunda à sexta, passávamos pelas unidades de moradia e pelos pátios com umsingelo convite: vamos desenhar? E, quando encontrávamos um mínimo brilhono olhar do outro, isto era motivo para uma segunda tentativa de aproximação:estamos esperando na oficina.Desde seu início, a oficina se impôs como espaço dife renciado. Afinal, osantigos moradores do São Pedro, alguns com mais de cinquenta anos de internação,estavam alojados em unidades escuras, lúgubres, com janelas no alto dasparedes, de onde só enxergavam uma nesga de céu. Nossa oficina representou umcontraponto. Era uma sala rosa, iluminada, que permitia um olhar furtivo entreos vidros de janelas basculantes. Um lugar que se mos trou tão diferente, que ouvi25 - A OFICINA DE CRIATIVIDADE DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO: ARTE E MEMÓRIA - Barbara Neubarth249 Barbara Elisabeth Neubarth (psicóloga), Luciana Moro Machado (terapeuta ocupacional),Luiza Germani de Paula Gutierres (artista plástica) e Rosvita Ana Bauer (enfermeira).250 Consta em trabalho escrito por Côrtes (2002), que ainda em 1999, mais da metade, dosentão setecentos e setenta moradores, não tinham sequer certidão de nascimento, sendo a maioriadestes, ignorados. Ignorados no nome, na filiação, e, acrescento, na subjetividade.417

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