12.07.2015 Views

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

continua sendo uma técnica de governo tão comum em nossos estados. A tortura,a repressão, a truculência dos aparatos do Estado ou de agentes do Estado,e ainda de milícias paramilitares, continuam assombrando a vida cotidiana denossos povos. Temos que reler a barbárie sofrida nas últimas ditaduras (e suacontinuidade no nosso presente) na sequência de uma violência endêmica queassola nossas sociedades. Ela está enquistada nas estruturas do Estado, nas lógicasinstitucionais, nas práticas políticas e até nos valores sociais e práticas cotidianasde muitos sujeitos. Nesse caso, e antes de pensarmos práticas políticas eficientespara neutralizar a violência, é pertinente nos perguntar como a violência consegueestabelecer uma linha de continuidade nas instituições, nas estruturas, noscomportamentos sociais e nos hábitos culturais? Talvez possamos encontrar umprincípio de resposta a esta questão se entendermos que a violência contém o quedenominaremos de potência mimética.5.4.2 A mimese pode ser definida como o impulso a repetir por imitaçãoa conduta externa. O que caracteriza a mimese é a reprodução imitativa do comportamentoexterno. A violência não é um ato asséptico que se anula na execuçãodo ato. Pelo contrário, ela possui um impulso próprio que tende a sua auto-reprodução,o que confere à violência uma potência mimética! 112 A mimese é umapulsão que tende a repetir aquilo que a origina ou ainda imitar aquilo com o qualse relaciona 113 . No caso da violência, a tendência mimética tende a reproduzir aviolência praticada ou sofrida como se fosse uma forma de ação e reação instintivado ser humano 114 . A violência, uma vez praticada ou até sofrida, desencadeia no112 Ainda que concordamos com Rene Girard a respeito da potência mimética da violência,discordamos do caráter naturalista e compulsório que lhe outorga. Cf. Id. A violência e o sagrado.São Paulo: Paz e Terra/UNESP, 1990, p. 182 ss. Entendemos que todo desejo humano é, também,uma produção simbólica de sentido que possibilita sua reconstituição para além da mera mimese.Sobre este ponto cf. RUIZ, Castor M. M. Bartolomé. Por uma crítica ética da violência. São Leopoldo:Unisinos, 2009, p. 87-112.113 Walter Benjamin analisa a capacidade mimética do ser humano como uma característicaprópria de nossa aprendizagem. Daí a responsabilidade que temos ao propor ou impor determinadaspráticas que tenderão à imitação mimética dos outros. “A natureza engendra semelhanças: basta pensarna mímica. Mas é o homem que tem a capacidade suprema de produzir as semelhanças. Na verdade,talvez não haja nenhuma de suas funções superiores que não seja decisivamente co-determinada pelafaculdade mimética”. BENJAMIN, Walter. “A doutrina das semelhanças”. In. Id. Obras escolhidasI. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1996, p. 108.114 Destacamos a ênfase que Benjamin outorga à capacidade mimética do ser humano comopossibilidade de repetir as semelhanças, que no caso da violência implica numa reprodução de si5 - O DIREITO À VERDADE E À MEMÓRIA - POR UMA JUSTIÇA ANAMNÉTICA - Castor M. M. Bartolomé Ruiz113

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!