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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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forma trivial. A mimese normaliza a violência como um comportamento naturaldas pessoas, de grupos sociais e até de sociedades inteiras.PARTE II - MEMÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS5.4.5 Ainda há um terceiro efeito da violência, desta vez sobre aquele quea comete, o violento. O potencial mimético da violência afeta diretamente o violento.Ninguém sai imune da prática da violência. O violento não poderá praticara violência sem sentir seus efeitos perversos. A violência provoca no violento umaprogressiva desumanização de modo que a cada ato de violência se internaliza nelea barbárie como um ato normal. Isso já é um efeito do mimetismo. Ao internalizara violência como comportamento normal, o mimetismo provoca, no agressor, umaperda de sensibilidade sobre o outro. A mimese desumaniza o violento ao pontode apagar sua capacidade de reconhecer no outro um semelhante. A potência miméticada violência vai anulando a capacidade de reconhecer no rosto do outrouma alteridade humana. O violento, na medida em que pratica a violência comoum ato normal, se embrutece ao extremo de não reconhecer no olhar do outro orosto de um semelhante. A violência apaga no violento a capacidade de enxergarno olhar o do outro um lampejo de humanidade. Para o violento, o rosto do outronão passa de uma máscara vazia sem significado 117 . A mimese da violência apaganele uma parte da capacidade ética de reconhecer no outro um ser humano comoele. A repetição mimética da violência vai se tornando para ele um ato normal.Ele se normaliza como violento e normaliza a violência como método legítimo,natural e eficiente para conseguir os fins que pretende. Cada ato de violência oafunda num embrutecimento desumanizador sem limite definido.Todas as estratégias de barbárie requerem táticas de embrutecimento edesumanização dos violentos ou verdugos. A mimese é uma potência inerenteà violência que se presta eficazmente a esta tarefa. A reprodução mimética daviolência consegue que o violento veja na vítima um mero objeto negativo quedeve ser negado. Ao normalizar a violência, o violento apaga os rasgos humanosdo outro e reduz seu rosto a um conceito sem significado. Ele é um bandido,um subversivo, um marginal, um terrorista, um... ser sem significado. A mimeseapaga a significação do rosto humano 118 . Um rosto insignificante está exposto a116117 Neste ponto remetemos aos estudos de Emmanuel Levinas a respeito da violência comonegação da alteridade humana em que o rosto tem um significado além da mera face. O rosto éo símbolo através do qual reconhecemos a revelação da humanidade do outro e vemos nele umsemelhante diferente. Id. Totalidade e infinito. Lisboa: Ed. 70, 2000.118 Para Levinas o rosto tem uma relação não violenta, desarma a violência: “O rosto recusa-se

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