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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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PARTE IV - SITUAÇÃO ATUAL DOS DIREITOS HUMANOS422nativa terapêutica em saúde mental, têm sido decisivas para consolidar tal aberturae o amálgama entre os de dentro e os de fora vem se produzindo. Pensando numainclusão possível para sujeitos portadores de problemas psiquiátricos diversos nossaintenção com este espaço compartilhado é favorecer trocas que levem à criaçãode novos sentidos. Dessa forma, operamos em um processo de inclusão em queos dois lados se encontram, desde dentro do manicômio.Ao longo dos anos, a oficina tem sido este lugar de criação e invenção artística,onde o processo sempre é valorizado como produção de uma linguagem possível.Além disto, é o lugar concreto em que o sujeito vem produzir e onde lhe é dadoum crédito e um prazo. Um crédito articulado à hipótese que nós fazemos de queo participante da oficina é competente para criar e, isto, num sentido semelhanteao proposto por Bergès e Balbo (2003-1) ao se referirem, por exemplo, ao sorrisoque a mãe espera de seu bebê. Dizem eles que, a partir do momento em que a mãeespera o sorriso, ela dota seu filho da capacidade de sorrir e isto é lhe dar um crédito.Mas também é preciso lhe dar um prazo para que possa desenvolver-se aoseu tempo. E é o que temos feito – dar-lhes crédito e prazo – para que o processode criação possa, cotidianamente, voltar a se fazer e se inventar.Procurando não nos deter apenas sobre o indivíduo, mas aceitando a esteque está à minha frente, enquanto sujeito singular, imerso num universo de intensidades,permeado pelos valores simbólicos que o transcendem e pelas forças pulsionaisque o impactam. (BIRMAN, 2007, p.296)Para alguns, o trabalho de criação passa a ser um trabalho de produção artesanal.São aqueles sujeitos que sentiram necessidade de que o produto de seutrabalho lhes rendesse algum dinheiro. Junto a estes colamos o profissional das artes,quer de pintura em tecido, de papel reciclado, do bordado, para que o produtodo seu trabalho possa ter valor no mercado e que não seja adquirido por caridade.Para outros, o que importa é que o resultado do seu trabalho seja cuidadosamenteguardado, e, às vezes, exibido em alguma exposição. Para vários deles o que importaé o fazer em si e sentem-se imensamente gratos por isto. Tal é o caso do senhorClemente ao sujar pilhas de papel com riscos, e que, ao nos encontrar, estende amão cumprimentando e desejando um Bom Dia! E que, nas segundas-feiras aocruzar conosco, comunica que rezou por nós na missa do sábado. É preciso sermuito clemente para um gesto tão generoso!Pensando no dispositivo – oficina de artes – este pode ser o lugar do laço social.Para tanto, profissionais oficineiros estão no lugar de preparadores de passagem,como afirma Tenório. Atentos ao discurso do outro, estabelecendo vínculos, às vezes

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