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Relatório Azul 2011 - Assembléia Legislativa

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14.4 AS TERRAS INDÍGENAS NO RIO GRANDE DO SUL E ASITUAÇÃO FUNDIÁRIAPARTE III - SOCIEDADE DE DIREITOS HUMANOS290Como se viu acima, a colonização se impôs violentamente contra os povosindígenas e os expulsou de suas terras, sendo divididas e loteadas pelo Estado,pelas oligarquias e pelas empresas de colonização. Expulsos das terras passaram aandar de um local para outro, sempre nas proximidades das áreas reivindicadas,tendo em vista a garantia da vida. Neste processo, as terras foram degradadas pelacolonização. Pouco restou, no Sul do país, do que eram os territórios: áreas commatas, com animais para caçar, com rios e lagos. As terras, redutos sagrados, foramtransformadas em fonte de renda, em capital especulativo através do plantio degrãos (soja, milho, trigo), através da implantação de grandes latifúndios (criaçãode gado e de grandes granjas da monocultura) e para a expansão imobiliária. E,nas últimas décadas, áreas que não serviam para a agricultura e nem para a criaçãodo gado de corte e sobre as quais restavam recursos ambientais significativos ou,em muitos casos, em processo de extinção por causa da exploração indiscriminadada madeira, foram transformadas em reservas ou parques de preservação.É importante referir que há 500 anos viviam no Brasil mais de 900 povosdiferentes, com uma população de milhões de pessoas. Hoje são em torno de 240,com uma população, segundo o Censo do IBGE de 2010, de 817 mil pessoas.Do total de mais de 1.000 terras atualmente reivindicadas, em diferentes fases doprocedimento demarcatório (reconhecimento oficial), estes povos ocupam umpouco mais de 50% dos territórios reivindicados.Cabe aqui enfatizar que habitavam no espaço territorial do que é hoje o RioGrande do Sul pelo menos 23 povos diferentes. Havia uma população de centenasde milhares de pessoas, sendo que atualmente é de pouco mais de 36 milindígenas das etnias Guarani, Kaingang e Charrua.O relacionamento desses povos com a natureza e com a terra sempre foi deprofundo respeito. Diferente das práticas da sociedade eurocêntrica que invadiurapidamente as suas terras para consumir e destruir. Na concepção da maioriados povos, a terra é mãe e como tal precisa ser cuidada e protegida. Os Kaingang,por exemplo, cultuam a terra porque é dela que se faz toda a existência e sobre elaresidem todas as coisas inclusive as espirituais. No caso dos Guarani a vida é entendidacomo um contínuo caminhar e esse caminhar se desenvolve num extensoterritório, ocupado ancestralmente. As famílias transitam de uma aldeia à outra.Tradicionais ocupantes das terras litorâneas, os Guarani sentem-se impedi-

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