14.04.2017 Views

Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

egra: Não é possível ce<strong>de</strong>r o crédito em alguns casos, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> vedação legal como, por exemplo, na<br />

1.ª<br />

<strong>de</strong> alimentos (art. 1.707 do CC) e nos casos envolvendo os direitos da personalida<strong>de</strong> (art. 11 do CC). Ainda<br />

obrigação<br />

ilustrar, a jurisprudência superior, aplicando esse art. 286 do CC, concluiu recentemente que não há qualquer<br />

a<br />

para que um crédito <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização relativa ao DPVAT seja objeto <strong>de</strong> cessão (STJ, REsp 1.275.391/RS, Rel.<br />

vedação<br />

João Otávio <strong>de</strong> Noronha, j. 19.05.2015, 22.05.2015, publicado no seu n. ).<br />

Min.<br />

regra: Essa impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cessão po<strong>de</strong> constar <strong>de</strong> instrumento obrigacional, o que também gera a<br />

2.ª<br />

De qualquer forma, <strong>de</strong>ve-se concluir que se a cláusula <strong>de</strong> impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cessão contrariar<br />

.<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública não po<strong>de</strong>rá prevalecer em virtu<strong>de</strong> da aplicação do princípio da função social dos<br />

preceito<br />

e das obrigações, que limita a autonomia privada, em sua eficácia interna, entre as partes contratantes<br />

contratos<br />

421 do CC). (art.<br />

regra: Essa cláusula proibitiva não po<strong>de</strong> ser oposta ao cessionário <strong>de</strong> boa-fé, se não constar do instrumento da<br />

3.ª<br />

o que está em sintonia com a valorização da eticida<strong>de</strong>, um dos baluartes do atual Código. Isso ressalta a<br />

obrigação,<br />

pela qual a boa-fé objetiva é princípio <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública, conforme o Enunciado n. 363 do CJF/STJ, da <br />

tese<br />

“Os princípios da probida<strong>de</strong> e da confiança são <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública, estando a parte lesada<br />

:<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><br />

Enuncia o art. 286 do atual Código <strong>Civil</strong> que “o credor po<strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r o seu crédito, se a isso não se<br />

opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o <strong>de</strong>vedor; a cláusula proibitiva da cessão não<br />

po<strong>de</strong>rá ser oposta ao cessionário <strong>de</strong> boa­fé, se não constar do instrumento da obrigação”. Esse<br />

dispositivo traz três premissas fundamentais relativas à cessão <strong>de</strong> crédito.<br />

–<br />

–<br />

–<br />

somente obrigada a <strong>de</strong>monstrar a existência da violação”.<br />

Salvo disposição em contrário, na cessão <strong>de</strong> um crédito abrangem­se todos os seus acessórios,<br />

como no caso dos juros, da multa e das garantias em geral, por exemplo (art. 287 do CC). A cessão<br />

<strong>de</strong>sses acessórios é caso <strong>de</strong> cessão legal, aplicação da máxima <strong>de</strong> que o acessório segue o principal e<br />

que veremos a seguir (princípio da gravitação jurídica).<br />

Em regra, a cessão tem eficácia inter partes, não se exigindo sequer forma escrita para que tenha<br />

valida<strong>de</strong> entre os negociantes (art. 107 do CC). Porém, para ter eficácia perante terceiros, é necessária a<br />

celebração <strong>de</strong> um acordo escrito, por meio <strong>de</strong> instrumento público ou <strong>de</strong> instrumento particular,<br />

revestido das solenida<strong>de</strong>s do § 1.º do art. 654 do CC. Essa é a regra que consta do art. 288 do atual CC.<br />

Portanto, os requisitos para tal eficácia erga omnes são os mesmos previstos para o mandato, a saber:<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

a indicação do lugar on<strong>de</strong> foi passada;<br />

a qualificação do ce<strong>de</strong>nte, do cessionário e do cedido;<br />

a data da transmissão;<br />

o objetivo da transmissão;<br />

a <strong>de</strong>signação e a extensão da obrigação transferida.<br />

Deve ficar claro que tais requisitos referem­se à eficácia do instituto perante terceiros. Para ter<br />

valida<strong>de</strong> e eficácia entre as partes não há necessida<strong>de</strong> sequer da forma escrita, como regra. Em outras<br />

palavras, aplica­se à cessão <strong>de</strong> crédito a regra do art. 107 do CC, que consagra o princípio da liberda<strong>de</strong><br />

das formas.<br />

Quanto ao cessionário <strong>de</strong> crédito hipotecário, este tem o mesmo direito <strong>de</strong> fazer averbar a cessão no<br />

registro do imóvel, para resguardar seus direitos (art. 289 do CC). Essa regra po<strong>de</strong> ser aplicada, por<br />

analogia, à sub­rogação legal que se opera a favor do adquirente <strong>de</strong> imóvel hipotecado, que paga ao<br />

credor hipotecário, nos termos do art. 346, II, do atual Código <strong>Civil</strong>.<br />

Para que a cessão seja válida, não é necessário que o <strong>de</strong>vedor (cedido) com ela concor<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>la<br />

participe. No entanto, o art. 290 do CC preconiza que a cessão não terá eficácia se o <strong>de</strong>vedor <strong>de</strong>la não

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!