14.04.2017 Views

Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>, o que justifica a utilização do acróstico GRUD. O <strong>de</strong>senho a seguir <strong>de</strong>monstra bem essa<br />

simbologia:<br />

Nota­se pela simbologia que se <strong>de</strong>terminada pessoa tiver todos os atributos relativos à proprieda<strong>de</strong>,<br />

terá a proprieda<strong>de</strong> plena (G + R+ U + D). Se tiver pelo menos um dos atributos, haverá posse.<br />

Obviamente, os referidos atributos po<strong>de</strong>m ser distribuídos entre pessoas distintas, havendo a<br />

proprieda<strong>de</strong> restrita. Justamente por isso, a proprieda<strong>de</strong> admite a seguinte classificação:<br />

• Proprieda<strong>de</strong> Plena ou Alodial – o proprietário tem consigo os atributos <strong>de</strong> gozar, usar, reaver e<br />

dispor da coisa. Todos esses caracteres estão em suas mãos <strong>de</strong> forma unitária, sem que<br />

terceiros tenham qualquer direito sobre a coisa.<br />

• Proprieda<strong>de</strong> Limitada ou Restrita – recai sobre a proprieda<strong>de</strong> algum ônus, caso da hipoteca, da<br />

servidão ou usufruto; ou quando a proprieda<strong>de</strong> for resolúvel, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> condição ou termo<br />

(art. 1.359 do CC). Alguns dos atributos da proprieda<strong>de</strong> passam a ser <strong>de</strong> outrem, constituindose<br />

em direito real sobre coisa alheia. No último caso, havendo a divisão entre os referidos<br />

atributos, o direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> é composto <strong>de</strong> duas partes <strong>de</strong>stacáveis:<br />

a) Nua proprieda<strong>de</strong> – correspon<strong>de</strong> à titularida<strong>de</strong> do domínio, ao fato <strong>de</strong> ser proprietário e <strong>de</strong><br />

ter o bem em seu nome. Costuma­se dizer que a nua proprieda<strong>de</strong> é aquela <strong>de</strong>spida dos<br />

atributos do uso e da fruição (atributos diretos ou imediatos);<br />

b)<br />

Domínio útil – correspon<strong>de</strong> aos atributos <strong>de</strong> usar, gozar e dispor da coisa. Depen<strong>de</strong>ndo dos<br />

atributos que possui, a pessoa que o <strong>de</strong>tém recebe uma <strong>de</strong>nominação diferente:<br />

superficiário, usufrutuário, usuário, habitante, promitente comprador etc. Por tal divisão,<br />

uma pessoa po<strong>de</strong> ser o titular (o proprietário) tendo o bem registrado em seu nome ao<br />

mesmo tempo em que outra pessoa possui os atributos <strong>de</strong> usar, gozar e até dispor daquele<br />

bem em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um negócio jurídico, como ocorre no usufruto, na superfície, na<br />

servidão, no uso, no direito real <strong>de</strong> habitação, no direito do promitente comprador, no<br />

penhor, na hipoteca e na anticrese. Ilustrando <strong>de</strong> forma mais profunda, no usufruto percebese<br />

uma divisão proporcional dos atributos da proprieda<strong>de</strong>: o nu­proprietário mantém os<br />

atributos <strong>de</strong> dispor e reaver a coisa; enquanto que o usufrutuário tem os atributos <strong>de</strong> usar e<br />

fruir (gozar) da coisa.<br />

Para findar o tópico, é fundamental verificar o conceito <strong>de</strong> domínio, que para muitos é sinônimo <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>, tese a que se filia este autor. Todavia, há quem entenda <strong>de</strong> forma contrária, caso <strong>de</strong><br />

Cristiano Chaves <strong>de</strong> Farias e Nelson Rosenvald, que lecionam:<br />

“O domínio é instrumentalizado pelo direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>. Ele consiste na titularida<strong>de</strong> do<br />

bem. Aquele se refere ao conteúdo interno da proprieda<strong>de</strong>. O domínio, como vínculo real entre<br />

o titular e a coisa, é absoluto. Mas, a proprieda<strong>de</strong> é relativa, posto ser intersubjetiva e<br />

orientada à funcionalização do bem pela imposição <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres positivos e negativos <strong>de</strong> seu

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!