14.04.2017 Views

Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong> contrato preliminar.<br />

Fase<br />

<strong>de</strong> contrato <strong>de</strong>finitivo ou <strong>de</strong> conclusão do contrato. 43<br />

Fase<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><br />

prevalecente relaciona a função social do contrato a um dispositivo constante da Constituição Fe<strong>de</strong>ral<br />

(art. 3.º, I). Mais do que isso, fundamenta essa função social na solidarieda<strong>de</strong> social, regramento <strong>de</strong><br />

índole constitucional.<br />

Conforme anota o saudoso Luciano <strong>de</strong> Camargo Penteado, “A <strong>de</strong>cisão orienta­se, <strong>de</strong> certo modo,<br />

em um sentido social que se vislumbra importante para fundar e explicar também o direito dos<br />

contratos, o qual é subjacente a toda a temática dos terceiros e que, realmente, representa uma evolução<br />

no paradigma do direito privado individualista, pautado no princípio da autonomia privada contratual.<br />

Referenda i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o contrato não é um elemento estranho ao corpo social em que celebrado e no<br />

qual se ambienta”. 42 A mensagem do jurista serve muito bem para findar o presente tópico, lamentandose<br />

a mudança daquele entendimento anterior do STJ, inclusive com a edição da sua Súmula 529, em<br />

2015.<br />

A FORMAÇÃO DO CONTRATO PELO CÓDIGO CIVIL<br />

5.4<br />

O contrato nasce da conjunção <strong>de</strong> duas ou mais vonta<strong>de</strong>s coinci<strong>de</strong>ntes, sem prejuízo <strong>de</strong> outros<br />

elementos, o que consubstancia aquilo que se <strong>de</strong>nomina autonomia privada. Sem o mútuo consenso,<br />

sem a alterida<strong>de</strong>, não há contrato. Desse modo, reunindo o que há <strong>de</strong> melhor na doutrina, é possível<br />

i<strong>de</strong>ntificar quatro fases na formação do contrato civil:<br />

•<br />

•<br />

<strong>de</strong> negociações preliminares ou <strong>de</strong> puntuação.<br />

Fase<br />

<strong>de</strong> proposta, policitação ou oblação.<br />

Fase<br />

•<br />

•<br />

As fases serão comentadas a partir das regras constantes no Código <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002, tendo como<br />

pano <strong>de</strong> fundo a melhor doutrina e a tendência jurispru<strong>de</strong>ncial.<br />

Fase <strong>de</strong> negociações preliminares ou <strong>de</strong> puntuação<br />

5.4.1<br />

Essa é a fase em que ocorrem <strong>de</strong>bates prévios, entendimentos, tratativas ou conversações sobre o<br />

contrato preliminar ou <strong>de</strong>finitivo. Cumpre assinalar que a expressão puntuação foi difundida, na<br />

doutrina clássica, por Darcy Bessone, estando relacionada a acordos parciais na fase pré­contratual. A<br />

origem está no francês pourparlers e no italiano puntuazione (antecontrato, <strong>de</strong>claração).<br />

Essa fase não está prevista no Código <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002, sendo anterior à formalização da proposta,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser também <strong>de</strong>nominada fase <strong>de</strong> proposta não formalizada, estando presente, por exemplo,<br />

quando houver uma carta <strong>de</strong> intenções assinada pelas partes, em que elas apenas manifestam a sua<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> celebrar um contrato no futuro.<br />

Justamente por não estar regulamentado no Código <strong>Civil</strong>, não se po<strong>de</strong> dizer que o <strong>de</strong>bate prévio<br />

vincula as partes, como ocorre com a proposta ou policitação (art. 427 do CC/2002). Desse modo, não<br />

haveria responsabilida<strong>de</strong> civil contratual nessa fase do negócio, conforme ensina, por exemplo, Maria<br />

Helena Diniz. 44<br />

Este autor também enten<strong>de</strong> que a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates ou negociações preliminares não vincula os<br />

participantes quanto à celebração do contrato <strong>de</strong>finitivo. Entretanto, está filiado ao entendimento<br />

segundo o qual é possível a responsabilização contratual nessa fase do negócio jurídico pela aplicação<br />

do princípio da boa­fé objetiva, que é inerente à eticida<strong>de</strong>, um dos baluartes da atual codificação<br />

privada. Nesse sentido, vale transcrever as palavras <strong>de</strong> Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona<br />

Filho, para quem:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!