14.04.2017 Views

Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

7.9<br />

7.9.1<br />

concessões especiais para uso e moradia. Novos direitos reais <strong>de</strong> gozo ou<br />

Das<br />

criados pela Lei 11.481/2007<br />

fruição<br />

DIREITOS REAIS DE GARANTIA<br />

DOS<br />

e regras gerais quanto aos direitos reais <strong>de</strong> garantia tratados pelo<br />

Princípios<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><br />

o direito, que também lhes compete, <strong>de</strong> habitá­la. Em suma, é possível o compartilhamento compulsório<br />

do imóvel.<br />

Por fim, são aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas<br />

ao usufruto (art. 1.416 do CC). Desse modo, como já ficou claro, cabem as formas <strong>de</strong> extinção<br />

previstas pelo art. 1.410 do CC.<br />

7.8.7<br />

Como visto, a Lei 11.481/2007 introduziu dois novos direitos reais <strong>de</strong> gozo ou fruição no art.<br />

1.225 do CC: a concessão <strong>de</strong> uso especial para fins <strong>de</strong> moradia (inc. XI) e a concessão <strong>de</strong> direito real <strong>de</strong><br />

uso (inc. XII). Tais direitos reais referem­se a áreas públicas, geralmente invadidas e urbanizadas por<br />

favelas. Houve um claro intuito <strong>de</strong> regularização jurídica das áreas favelizadas, <strong>de</strong>ntro da política <strong>de</strong><br />

reforma urbana, para que a situação <strong>de</strong> antidireito passe a ser tratada pelo <strong>Direito</strong>.<br />

Anote­se que a concessão real <strong>de</strong> uso já constava do arts. 7.º e 8.º do Decreto­lei 271/1967 com as<br />

alterações da Lei 11.481/2007. Enuncia a primeira norma que “É instituída a concessão <strong>de</strong> uso <strong>de</strong><br />

terrenos públicos ou particulares remunerada ou gratuita, por tempo certo ou in<strong>de</strong>terminado, como<br />

direito real resolúvel, para fins específicos <strong>de</strong> regularização fundiária <strong>de</strong> interesse social, urbanização,<br />

industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das<br />

comunida<strong>de</strong>s tradicionais e seus meios <strong>de</strong> subsistência ou outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse social em<br />

áreas urbanas”.<br />

Por outra via, a concessão <strong>de</strong> uso para fins <strong>de</strong> moradia consta da Medida Provisória 2.220/2001,<br />

que ainda continua em tramitação. Dispõe a Medida Provisória em seu art. 1.º que “Aquele que, até 30<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2001, possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e<br />

cinquenta metros quadrados <strong>de</strong> imóvel público situado em área urbana, utilizando­o para sua moradia ou<br />

<strong>de</strong> sua família, tem o direito à concessão <strong>de</strong> uso especial para fins <strong>de</strong> moradia em relação ao bem objeto<br />

da posse, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, <strong>de</strong> outro imóvel urbano<br />

ou rural”.<br />

Nos dois casos, <strong>de</strong>ve ficar bem claro que os institutos constituem alternativas <strong>de</strong> regularização<br />

fundiária possível, eis que não se po<strong>de</strong> adquirir as citadas áreas públicas por usucapião (arts. 183, § 3.º,<br />

e 191, parágrafo único, da CF/1988). Espera­se, por questão <strong>de</strong> justiça e <strong>de</strong>mocrática distribuição das<br />

terras, que os institutos tenham a efetiva concreção prática.<br />

CC/2002<br />

Encerrando o livro do <strong>Direito</strong> das Coisas, o CC/2002 trata dos direitos reais <strong>de</strong> garantia sobre<br />

coisa alheia. Não se po<strong>de</strong> esquecer que os direitos reais <strong>de</strong> garantia não se confun<strong>de</strong>m com as garantias<br />

pessoais ou fi<strong>de</strong>jussórias, eis que no primeiro caso um bem garante a dívida por vínculo real (art. 1.419<br />

do CC); enquanto que no último a dívida é garantida por uma pessoa (exemplo: fiança). Como garantias<br />

que são, os institutos têm nítida natureza acessória, aplicando­se o princípio da gravitação jurídica (o<br />

acessório segue o principal).<br />

São direitos reais <strong>de</strong> garantia sobre coisa alheia o penhor, a hipoteca e a anticrese, que têm regras<br />

gerais entre os arts. 1.419 e 1.430 do CC. Seguem, após essa teoria geral dos direitos reais <strong>de</strong><br />

garantia, as suas regras específicas e <strong>de</strong>talhadas. Como forma <strong>de</strong> garantia real, há ainda a alienação<br />

fiduciária em garantia, que constitui um direito real <strong>de</strong> garantia sobre coisa própria, com tratamento<br />

em leis esparsas (DL 911/1969 e Lei 9.514/1997).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!