14.04.2017 Views

Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><br />

segundo a qual “a loja térrea, com acesso próprio à via pública, não concorre com gastos relacionados a<br />

serviços que não lhe sejam úteis, salvo disposição condominial em contrário” (tese <strong>de</strong> número 17).<br />

Pelo mesmo raciocínio, ao proprietário do terraço <strong>de</strong> cobertura incumbem as <strong>de</strong>spesas da sua<br />

conservação, <strong>de</strong> modo que não haja danos às unida<strong>de</strong>s imobiliárias inferiores (art. 1.344 do CC).<br />

Ilustre­se com a conservação da piscina que se encontra na cobertura do prédio, compondo parte<br />

exclusiva.<br />

Nunca se po<strong>de</strong> esquecer que as <strong>de</strong>spesas condominiais constituem obrigações propter rem ou<br />

próprias da coisa, <strong>de</strong>nominadas obrigações ambulatórias, pois seguem a coisa on<strong>de</strong> quer que ela se<br />

encontre. Isso po<strong>de</strong> ser retirado do art. 1.345 do CC, segundo o qual o adquirente <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> respon<strong>de</strong><br />

pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios. Como se<br />

nota, essa natureza híbrida (direito pessoal + real) abrange as penalida<strong>de</strong>s, que são acessórios da<br />

dívida.<br />

No âmbito da jurisprudência superior, concluindo pela existência <strong>de</strong> uma obrigação propter rem<br />

quanto às <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> condomínio, <strong>de</strong>staque­se, por todos: STJ, AgRg no AREsp 148.547/SP, 4.ª<br />

Turma, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 16.04.2013, DJe 23.04.2013; AgRg no REsp 1.299.228/RS,<br />

4.ª Turma, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 04.09.2012, DJe 14.09.2012; AgRg no REsp 947.460/RS, 4.ª<br />

Turma, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 27.03.2012, DJe 10.04.2012). No mesmo sentido, cite­se a<br />

premissa número 3, da <strong>Ed</strong>ição n. 68 da ferramenta Jurisprudência em Teses, do mesmo Tribunal da<br />

Cidadania: “As cotas condominiais possuem natureza propter rem, razão pela qual os compradores <strong>de</strong><br />

imóveis respon<strong>de</strong>m pelos débitos anteriores à aquisição”.<br />

Quanto à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobrança <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>spesas no caso <strong>de</strong> compromisso <strong>de</strong> compra e venda, o<br />

Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça acabou por consolidar sua posição em 2015, conforme aresto publicado no<br />

seu Informativo n. 560. Em resumo, concluiu­se que, “a respeito da legitimida<strong>de</strong> passiva em ação <strong>de</strong><br />

cobrança <strong>de</strong> dívidas condominiais, firmaram­se as seguintes teses: a) o que <strong>de</strong>fine a responsabilida<strong>de</strong><br />

pelo pagamento das obrigações condominiais não é o registro do compromisso <strong>de</strong> compra e venda, mas<br />

a relação jurídica material com o imóvel, representada pela imissão na posse pelo promissário<br />

comprador e pela ciência inequívoca do condomínio acerca da transação; b) havendo compromisso <strong>de</strong><br />

compra e venda não levado a registro, a responsabilida<strong>de</strong> pelas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> condomínio po<strong>de</strong> recair<br />

tanto sobre o promitente ven<strong>de</strong>dor quanto sobre o promissário comprador, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das<br />

circunstâncias <strong>de</strong> cada caso concreto; e c) se ficar comprovado (i) que o promissário comprador se<br />

imitira na posse e (ii) o condomínio teve ciência inequívoca da transação, afasta­se a legitimida<strong>de</strong><br />

passiva do promitente ven<strong>de</strong>dor para respon<strong>de</strong>r por <strong>de</strong>spesas condominiais relativas a período em que a<br />

posse foi exercida pelo promissário comprador” (STJ, REsp 1.345.331/RS, 2.ª Seção, Rel. Min. Luis<br />

Felipe Salomão, j. 08.04.2015, DJe 20.04.2015). Consigne­se que o presente autor é filiado à solução<br />

do julgado, por ser perfeitamente lógica e em consonância com a boa­fé. Igualmente sobre esse tema,<br />

cabe pontuar que há premissa publicada na <strong>Ed</strong>ição n. 68 da ferramenta Jurisprudência em Teses da<br />

Corte, in verbis: “havendo compromisso <strong>de</strong> compra e venda não levado a registro, a responsabilida<strong>de</strong><br />

pelas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> condomínio po<strong>de</strong> recair tanto sobre o promitente ven<strong>de</strong>dor quanto sobre o<br />

promissário comprador, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das circunstâncias <strong>de</strong> cada caso concreto” (tese 4).<br />

Encerrando o estudo dos <strong>de</strong>veres, preconiza o art. 1.346 do CC que é obrigatório o seguro <strong>de</strong> toda<br />

a edificação contra o risco <strong>de</strong> incêndio ou <strong>de</strong>struição, total ou parcial. Como leciona Maria Helena<br />

Diniz, a seguradora a ser contratada será escolhida pelo síndico e ocorrendo o sinistro, a in<strong>de</strong>nização<br />

será paga aos condôminos na proporção <strong>de</strong> seus quinhões. 126 Anote­se que a não contratação do seguro<br />

po<strong>de</strong> gerar a <strong>de</strong>stituição do síndico por irresponsabilida<strong>de</strong>.<br />

Da administração do condomínio edilício<br />

7.6.4.3<br />

São pessoas e órgãos relacionados com a administração do condomínio:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!