14.04.2017 Views

Manual de Direito Civil - Flávio Tartuce - 7ª Ed. - 2017

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong><br />

a.4)<br />

a.5)<br />

proposto pelo presente autor (Enunciado n. 411), perfeitamente aplicável para as hipóteses<br />

em que a empresa <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sem justo motivo, nega a internação do paciente,<br />

cabendo in<strong>de</strong>nização por danos morais em casos tais (veja­se, por todos: STJ, REsp<br />

880.035/PR, Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 21.11.2006).<br />

Nulida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cláusulas antissociais, tidas como abusivas – para tal conclusão po<strong>de</strong>m ser<br />

utilizados, em complementarida<strong>de</strong> ao art. 421 do CC, os arts. 187 e 166, II, do próprio<br />

Código. A primeira norma enuncia a ilicitu<strong>de</strong>, por abuso <strong>de</strong> direito, havendo excesso<br />

contratual que <strong>de</strong>srespeita a finalida<strong>de</strong> social (= função social). A segunda dispõe que é<br />

nulo o negócio jurídico se o seu conteúdo for ilícito. Na esteira <strong>de</strong>ssa conclusão, na V<br />

Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, foi aprovado enunciado colocando a função social do contrato no<br />

plano da valida<strong>de</strong> do negócio. Vejamos a redação da proposta <strong>de</strong> Gerson Luiz Carlos<br />

Branco, que traduz pensamento sempre seguido pelo presente autor: “A violação do art.<br />

421 conduz à invalida<strong>de</strong> ou à ineficácia do contrato ou <strong>de</strong> cláusulas contratuais”<br />

(Enunciado n. 431). Ilustrando com típica cláusula que viola a função social, a Súmula 302<br />

do STJ <strong>de</strong>termina a nulida<strong>de</strong>, no contrato <strong>de</strong> plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, da cláusula que limita a<br />

internação. Ainda a título <strong>de</strong> exemplo a respeito das cláusulas antissociais, <strong>de</strong>staque­se<br />

outro enunciado aprovado na V Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Wladimir A.<br />

Marinho Falcão Cunha: “Em contratos <strong>de</strong> financiamento bancário são abusivas cláusulas<br />

contratuais <strong>de</strong> repasse <strong>de</strong> custos administrativos (como análise do crédito, abertura <strong>de</strong><br />

cadastro, emissão <strong>de</strong> fichas <strong>de</strong> compensação bancária etc.), seja por estarem<br />

intrinsecamente vinculadas ao exercício da ativida<strong>de</strong> econômica, seja por violação ao<br />

princípio da boa­fé objetiva” (Enunciado n. 432). Ressalve­se que, a apesar da menção à<br />

boa­fé objetiva, o presente autor enten<strong>de</strong> que o melhor caminho seria o entendimento pela<br />

violação à função social do contrato. Apesar <strong>de</strong>sse enunciado, <strong>de</strong>staque­se que a<br />

jurisprudência superior aceita a cobrança <strong>de</strong> tais taxas. Conforme a Súmula 566 do STJ,<br />

“nos contratos bancários posteriores ao início da vigência da Resolução­CMN n.<br />

3.518/2007, em 30/4/2008, po<strong>de</strong> ser cobrada a tarifa <strong>de</strong> cadastro no início do<br />

relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira”. Em complemento,<br />

estabelece a Súmula 565 da mesma Corte que “a pactuação das tarifas <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong><br />

crédito (TAC) e <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> carnê (TEC), ou outra <strong>de</strong>nominação para o mesmo fato<br />

gerador, é válida apenas nos contratos bancários anteriores ao início da vigência da<br />

Resolução­CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008”. O presente autor não se filia ao teor das<br />

sumulares superiores, com o <strong>de</strong>vido respeito, sendo tais cobranças abusivas em qualquer<br />

vigência legislativa.<br />

Tendência <strong>de</strong> conservação contratual, sendo a extinção do contrato, a última medida a ser<br />

tomada, a ultima ratio. Essa correlação foi reconhecida pelo Enunciado n. 22 do CJF/STJ<br />

da I Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, in verbis: “a função social do contrato, prevista no art. 421<br />

do novo Código <strong>Civil</strong>, constitui cláusula geral, que reforça o princípio <strong>de</strong> conservação do<br />

contrato, assegurando trocas úteis e justas”. Esse aspecto já havia sido <strong>de</strong>stacado em<br />

vários trechos do Capítulo 2 <strong>de</strong>sta obra, como na abordagem da lesão (art. 157 do CC).<br />

Presente esse vício do negócio, aplicando­se a função social e a conservação, a regra é a<br />

revisão e não a anulação do contrato. Ato contínuo <strong>de</strong> ilustração, recente julgado do<br />

Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça estabeleceu a relação entre função social do contrato e<br />

conservação do negócio jurídico, ao <strong>de</strong>terminar a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um contrato <strong>de</strong> seguro <strong>de</strong><br />

vida celebrado por longo período (STJ, REsp 1.073.595/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi,<br />

j. 23.03.2011 – Informativo n. 467 do STJ).<br />

b)<br />

Eficácia externa da função social do contrato – reconhecida pelo Enunciado n. 21 do CJF/STJ,<br />

da I Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>. Há dois aspectos principais:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!