20.05.2021 Views

Escritos de Saúde Coletiva

Escritos de Saúde Coletiva

Escritos de Saúde Coletiva

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

escritos de saúde coletiva

políticas públicas para o setor – controle de preços; concorrência dos genéricos; implementação

do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, destacando-se o papel atuante da Anvisa. Além disso,

o País passou por duas crises cambiais, cujo impacto não foi desprezível para um setor grandemente

dependente da importação de insumos.

O resultado desse contexto foi, segundo dados da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica

(Febrafarma), uma queda no volume de vendas da ordem de 3,3 bilhões de dólares, entre

1997 e 2002. Naquele ano, o setor faturou 8,7 bilhões de dólares; em 2002, 5,2 bilhões.

O Brasil caracteriza-se, do ponto de vista de sua capacidade técnica, operacional e comercial

na área farmacêutica, como um país com capacidade de reprodução tecnológica.

Isso quer dizer que não temos capacidade inovadora nessa área e, menos ainda, possuímos

uma indústria farmacêutica sofisticada, baseada em pesquisa inovadora, como, por exemplo, os

Estados Unidos, a Suíça e o Japão.

Por outro lado, estamos em condições bem melhores do que outros países companheiros

de subdesenvolvimento que, no máximo, conseguem produzir produtos acabados, ou nem isso.

No início da década de 30, os medicamentos consumidos pelos brasileiros provinham, quase

que integralmente, de um grande número de pequenos e médios laboratórios nacionais, e só uns

poucos, de laboratórios estrangeiros aqui sediados e de importações.

Nessa década, nos Estados Unidos e na Europa, iniciaram-se maciços investimentos na pesquisa

e no desenvolvimento de novas substâncias. Esses laboratórios, pelo poder econômico que desenvolveram

com o monopólio dessas novas drogas, acabaram dominando o mercado mundial.

Ao final da década de 30, já existiam 44 laboratórios estrangeiros no Brasil, e começou a entrada

de medicamentos estrangeiros no mercado nacional, ao mesmo tempo em que os laboratórios

nacionais continuavam sem desenvolvimento tecnológico, só importando matérias-primas

e reproduzindo tecnologia.

Esse processo foi estancado pela 2ª Grande Guerra, que, interrompendo o fluxo de importações,

obrigou à modernização da indústria farmacêutica nacional, e gerou uma “idade de ouro da

indústria farmacêutica nacional”.

Isso, no entanto, não durou muito: já nos anos 50 inicia-se uma tendência irreversível de deslocamento

dos empresários nacionais dos setores mais sofisticados tecnologicamente, na produção

de medicamentos. Esse espaço passou a ser ocupado por companhias estrangeiras que,

maciçamente, passam a se estabelecer no País.

A partir da década de 60, importantes e tradicionais laboratórios brasileiros foram, paulatinamente,

passados para o controle de grupos estrangeiros e perdendo participação no mercado, de

tal forma que, à época de criação da Central de Medicamento (Ceme), ainda que uma minoria dos

cerca de 450 laboratórios em atividade no Brasil pertencesse a multinacionais, eles concentravam

85% da produção e da venda de medicamentos.

Esse processo provocou a desnacionalização da indústria farmacêutica no que diz respeito à

produção dos “produtos modernos”, deixando para ela a fatia de mercado correspondente aos

102

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!