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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

Medical Journal e pelo The Sunday Times,(3) respectivamente em 1994 e 1998, entrevistando médicos;

uma pesquisa feita na Noruega, em 1997, e várias pesquisas realizadas na Austrália, entre

1995 e 1998.

Os estudos holandeses consistiram em duas investigações paralelas: entrevistas com uma

amostra randômica de médicos e análise de uma amostra, também aleatória, de atestados de

óbito e de um questionário enviado aos médicos que atenderam esses pacientes. O primeiro estudo,

de 1991, estimou que entre 1,7% (entrevistas) e 1,9% (questionários) das mortes estudadas

resultaram de eutanásia. O segundo estudo, de 1995, encontrou números entre 2,3% e 2,4%. O

número de suicídios-assistidos também cresceu entre 1991 e 1995, passando de 0,2 a 0,3% para

0,2 a 0,4%.

O estudo belga, de 1998, encontrou que 4,4% das mortes estudadas resultaram do uso de

drogas letais; 1,1% eram casos de eutanásia e 0,1%, suicídios-assistidos.

No Reino Unido, 60% dos médicos entrevistados pelo British Medical Journal, em 1994, disseram

que tinham sido solicitados a apressar a morte de pacientes e 34% deles tinham acedido.

Nessa pesquisa, 46% dos médicos entrevistados informaram que considerariam ajudar alguém a

morrer, se isso fosse legal. Na enquete realizada pelo The Sunday Times, em 1998, 14% dos médicos

ingleses que a responderam admitiram que tinham ajudado pacientes a morrer, por solicitação

deles.

Uma pesquisa feita na Noruega, em 1997, revelou que, naquele país, ocorriam cerca de vinte

casos de eutanásia por ano.

Na Austrália, uma pesquisa publicada no final de 2001 (4) mostrou que mais de um terço de

uma amostra aleatória de cirurgiões australianos já tinha usado drogas para acelerar a morte de

pacientes, mesmo sem o pedido destes.

A comprovação de que, mesmo quando é criminalizada, a prática da eutanásia não é punida

na mesma intensidade é dada pelo Relatório Marty (5), um estudo produzido pelo Dr. Dick Marty

para o Conselho da Europa e dado a conhecer em 10 de setembro do ano passado, com o objetivo

de coletar e analisar evidências empíricas relativas a decisões sobre a terminação da vida para

promover a sua discussão pública e, à luz dessas evidências e de sua discussão pública, considerar

se uma legislação supranacional sobre a matéria se faz desejada e necessária na Comunidade

Europeia.

Suas conclusões são de que existe uma impressionante divergência entre a lei e o que acontece

na prática, de tal forma que, no Continente Europeu, pelo menos, a aplicação de sanções

penais ou mesmo éticas é extremamente rara em comparação com o número de casos.

O crescimento do apoio à legalização da eutanásia, tanto por parte dos trabalhadores de saúde

quanto da população em geral, é revelado pelos estudiosos da matéria e pelas evidências. (6)

Nesse sentido, é de registrar-se o recente fenômeno editorial representado por 400.000 exemplares

do livro “Peço o Direito de Morrer” vendidos em poucos meses, na França no ano passado.

O livro, de autoria do jornalista Frédéric Veille, traz as memórias e a luta de Vincent Humbert,

um jovem de 19 anos que sofreu um acidente que o deixou tetraplégico, mudo e quase cego.

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