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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

Política de assistência farmacêutica

O ano de 1996 é um momento que antecede uma virada significativa em relação às políticas

de medicamentos e de assistência farmacêutica no País.

O processo de extinção da Central de Medicamentos (CEME) – que vinha sendo gestado desde

o início da década, com o objetivo de combater a corrupção e a ineficiência, e se insere no

contexto da política de redução do papel do Estado – estava em vias de ocorrer.

A política defendida pela nova administração do Ministério da Saúde – e afinal consolidada

nos anos seguintes – consistia em extinguir a Ceme – o que veio a ocorrer no ano seguinte (1997)

– e implementar, definitivamente, uma política de descentralização, atribuindo ao Ministério da

Saúde funções de definir políticas e incentivar a pesquisa, sob a responsabilidade de uma nova

subsecretaria.

Segundo essa política, a aquisição e distribuição de medicamentos passam a ser responsabilidades

dos gestores estaduais e municipais do SUS – como efetivamente ocorreu a partir de 1998

–– e os recursos federais para assistência farmacêutica passam a serem transferidos para estados

e municípios. A nova política contava com o apoio dos secretários estaduais de saúde.

A estratégia de aquisição da indústria privada como mecanismo de redução de custo – instituída

nos últimos anos de existência da Ceme – foi mantida, ainda que, como logo ficou evidente,

acabou por se mostrar equivocada. Entre suas consequências está, em primeiro lugar, a

aceleração do processo de fragilização dos laboratórios oficiais, que passaram a não contar mais

com investimentos, do que resultou, quando se desejou retomar seu papel, a partir de 2000, encontrar-se

a rede composta de laboratórios descapitalizados, endividados, inadimplentes, com

problemas de estrutura e de gestão, e com recursos humanos insuficientes, mal remunerados e

desmotivados. Farmanguinhos – o principal laboratório oficial – teve sua produção reduzida drasticamente

a partir de 1997, só retomando o nível de 1996 em 2000. Seu potencial de atuar como

um instrumento regulador de preços no mercado nacional foi praticamente reduzido a zero.

Para substituir a atuação da Ceme, o Ministério da Saúde criou, em 1997, o Programa de Farmácia

Básica, que se caracterizava pela aquisição centralizada e distribuição a estados e municípios

do denominado kit de Farmácia Básica, composto por cerca de 40 medicamentos. O programa

foi reformulado, em 1998, com alteração de enfoque e de cobertura: passou a executar-se em

um número maior de municípios – antes alcançava apenas municípios com até 20.000 habitantes

– e sob uma diretriz de descentralização.

É também daquele ano (1998) a elaboração e entrada em vigor da Política Nacional de

Medicamento, instituída como “instrumento norteador das ações do Ministério da Saúde no

campo da política de medicamento do setor público”, estruturando a assistência farmacêutica,

no âmbito do Ministério da Saúde e do SUS, em quatro segmentos: a Assistência Farmacêutica

Básica; os Medicamentos Estratégicos; os Medicamentos Excepcionais; e os Medicamentos de

Saúde Mental.

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