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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

Como resultado dessa política, cerca de setecentas mil pessoas estavam encarceradas, nos

Estados Unidos, no ano de 1997, por crimes relacionados a drogas, enquanto dois e meio milhões

de outras cumpriam penas alternativas. O número de encarcerados por drogas correspondia a

43% do total de prisioneiros, naquele ano.

B. Redução da demanda

As políticas de redução da demanda são executadas fundamentalmente através de três estratégias:

ações educativas para prevenir o uso e a dependência; a disponibilização de tratamento

para curar e medidas para aumentar o preço e o risco de apreensão ao nível do consumidor.

A educação para o desencorajamento do uso e para criar desaprovação social ao uso de drogas

tem sido utilizada como principal tática, voltada especialmente para crianças e adolescentes

escolarizados, com resultados duvidosos e questionados. Uma recente avaliação dos programas

educativos americanos 39 evidenciou que, pela primeira vez, desde 1992, o nível de consumo de

drogas entre adolescentes não aumentou no último ano, ao mesmo tempo em que aumentou o

índice de desaprovação do uso, entre esse grupo.

Ainda que encorajadores, esses resultados não foram considerados suficientes pela Secretária

de Saúde americana, que exortou todos, em especial pais e professores, a redobrarem seus esforços

para “fazer os jovens entenderem que o abuso de drogas é ilegal, perigoso e errado”. Essa

colocação parece sintetizar os objetivos da ação educativa empreendida naquele país.

Em nosso País, a maioria dos programas de prevenção primária do consumo de drogas desenvolvidos

são pontuais, não permanentes, carentes de fundamentação científica e de uma avaliação

adequada.

De qualquer forma, os programas de prevenção baseados na escola deixam a descoberto

exatamente aquelas crianças e adolescentes de maior risco de uso de drogas: as crianças de rua e

as que abandonam a escola em decorrência de problemas familiares.

A realização de campanhas de comunicação social também tem sido usada com objetivos

educativos e de difusão de informação. A avaliação de seus resultados, quando ocorre, tem-se

limitado a medir a exposição da população a elas e sua aceitação, mas, em geral, se desconhece

sua efetividade (1)

Assim, a eficácia da educação para a prevenção do uso de drogas (inclusive tabaco e álcool)

permanece contenciosa. No entanto, a disseminação de informação sobre o risco de infecção

pelo HIV e da aids, especialmente quando dirigida para grupos de usuários de drogas por via

endovenosa (UDI), com alto risco de compartilhamento de seringas, feita por fontes oficiais e

não-oficiais, provavelmente alterou o curso da epidemia em alguns países.(2)

De qualquer forma, as ações de comunicação social e de difusão de informação dirigidas a

usuários de drogas, em especial para UDI, são consideradas ações importantes, se não para reduzir

a demanda, para reduzir danos decorrentes do uso, em especial a infecção pelos vírus da aids

39 ESTADOS UNIDOS. Departamento de Saúde e Serviços Sociais. Monitoring the Future. 23rd Annual Report. dez.

1997.

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