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Escritos de Saúde Coletiva

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escritos de saúde coletiva

A oferta de serviços de manutenção e de desintoxicação com metadona é recurso útil quando

existe prevalência significativa do uso de heroína pela via endovenosa numa comunidade. O

uso injetável de heroína, mais que o de qualquer outra droga, inclusive cocaína, está associado à

danos à saúde, em especial à transmissão de doenças de veiculação sanguínea, como a infecção

pelo HIV e as hepatites.

Existem evidências de que as hepatites – e entre elas a C, para a qual ainda não se dispõe de

vacina – podem ter um impacto sanitário e econômico maior que a infecção pelo HIV entre populações

de UDI. Dessa forma, é indicado vacinar os UDI contra a hepatite B, vacina que é disponível

em nosso meio.

Esses programas incluem, também, ações voltadas para informar, educar e organizar UDI,

disponibilizando informação, aconselhamento, preservativos e acesso a recursos públicos de

assistência.

Com frequência, os projetos/programas de redução de danos associam-se a serviços que oferecem

tratamento para pessoas com problemas com drogas, disponibilizando, como mais um

componente, tais serviços.

Em que pesem os bons resultados, programas baseados no princípio da redução de danos

têm recebido muitas críticas.

A crítica mais frequentemente feita aos programas de redução de danos consiste em achar

que eles estimulam ou, ao menos, facilitam o uso de drogas e que, se não condenam, transmite

uma mensagem de que tal comportamento é aceitável.

Os resultados de avaliações de programas dessa natureza não confirmam esses temores: os

programas de troca de seringa; de out reach work para distribuir informação, camisinha, desinfetante

para seringas; de manutenção com metadona e outros mais abrangentes não aumentaram

o consumo de drogas nem o número de UDI 48 .

As avaliações realizadas mostraram que não aconteceram nenhum dos supostos efeitos negativos

que os oponentes à estratégia previam como muito prováveis: não conseguiram documentar

aumentos do consumo, da prevalência de injeção e da promiscuidade sexual nem de barreiras

para a aproximação de pacientes a programas de tratamento. Ao contrário: as evidências são de

que tais programas obtiveram redução do consumo, da prática de injeção, do compartilhamento

de seringas e de práticas sexuais de risco, além de aumentarem o número de pessoas atendidas

em serviços de tratamento(6).

Para eludir a questão da mensagem de aprovação ou não do uso de drogas, tais programas

devem ser dirigidos apenas a populações de UDI.

48 Ver, a respeito: DES JARLAIS et al. Harm reduction: a public health response to the Aids epidemic among injecting

drug users. Ann. Review of Public Health, n. 14, p. 413-50, 1993; DES JARLAIS, D.C. Harm reduction - a framework

for incorporating science into drug policy. American Journal of Public Health, n. 85, p. 10-2, 1995; FARRELL, M. et al.

Methadone maintenance treatment in opiate dependence: a review. British Medical Journal, n. 309, p. 997-1001,

1994;.

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