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Escritos de Saúde Coletiva

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escritos de saúde coletiva

médicas dos fumantes sobrepassam os custos de anos adicionais de vida e assistência médica dos

não-fumantes aguarda uma solução definitiva”, conclui o estudo.

No ano 2000, no entanto, a tecnologia médica disponível é outra, e permite não apenas detectar

mais precocemente as doenças tabaco-associadas como tratá-las, de tal forma que, ainda

que a elevados custos – e esta é a questão central –, as pessoas afetadas passaram a ter sobrevida

longa, mesmo que muito dependentes dos sistemas de saúde, previdência e assistência social.

Para piorar a situação, o início no vício do tabaco ocorre cada vez mais cedo – graças aos bons

resultados das estratégias de propaganda e marketing da agroindústria tabaqueira e dos meios

de comunicação de massa. Segundo estudos nacionais e estrangeiros, a grande maioria dos usuários

de tabaco se inicia em torno dos 12 anos de idade, atualmente. Desse modo, não apenas o

número de tabaquistas doentes cresce como eles ficam doentes e se aposentam por invalidez

mais cedo que seus pais e avós tabaquistas.

Hoje, os portadores de doenças pulmonares obstrutivas crônicas sobrevivem, por muitos

anos, em grande dependência dos serviços de saúde, dos quais obtêm – permanentemente e a

altos custos – equipamentos de ventilação assistida, tratamento médico e fisioterápico para suas

frequentes complicações, e assistência farmacêutica, de enfermagem e de serviço social. Portadores

de cânceres 30% dos quais decorrem do uso de tabaco , infartados e pessoas com deficiências

físicas e mentais em razão de acidentes vasculares cerebrais têm, atualmente, elevadas

sobrevidas após tratamentos caros e de longa duração.

A disponibilidade de unidades de tratamento intensivo, unidades coronarianas, tecnologia de

diagnóstico por imagem, novas técnicas cirúrgicas e medicamentos, resgate e transporte aéreo

e outros recursos caros não apenas reduziram a mortalidade associada às doenças tabaco-associadas

como têm permitido um aumento significativo da sobrevida das pessoas afetadas por elas

que, ao invés de morrerem, como antes, continuam vivas e utilizando muito os serviços de saúde.

E todas aposentadas pela previdência social.

Hoje, de colaborador, o tabaco passou a algoz dos sistemas de seguridade social. E alguém tem

de pagar essa conta que – por sinal – está ficando cada vez mais cara, dia após dia, em especial

nesses tempos de ajuste fiscal, quando não há dinheiro nem para pagar os banqueiros credores.

Brasília, 18 de janeiro de 2000.

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