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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

1.3 - Subsídios para um pronunciamento sobre a aprovação de

emenda constitucional vinculando recursos orçamentários

para a saúde (PEC da Saúde) e seus reflexos no desempenho

do setor (2000)

A Emenda Constitucional recentemente aprovada 1 culminou o trabalho e a perseverança de

toda uma geração de defensores da construção de um sistema de saúde mais justo e mais eficaz

para o nosso país.

A PEC da Saúde, que lhe deu origem, teve um longo e difícil percurso nas duas casas do Congresso

e só foi possível prosperar porque contou com o apoio da sociedade e porque ficou por

demais evidente que seria impossível de contornar – sem o aporte de mais recursos – a situação

de insuficiência do setor frente ao agravamento da situação de saúde e o crescimento das necessidades

de assistência da população.

A participação da União no financiamento do SUS depende das contribuições sociais que

compõem o Orçamento da Seguridade Social. Na medida em que o pagamento da dívida é a

prioridade real do governo, esse vem adotando, sistematicamente, uma série de mecanismos

que estão desviando não apenas recursos de fonte tributária como de contribuições sociais para

aquela finalidade, em detrimento da finalidade constitucionalmente definida.

Em que pese o aumento da arrecadação das contribuições sociais e do Cofins em particular,

os repasses ao Ministério da Saúde têm sido, desde 1988, inferiores às necessidades da área, situação

que tem se agravado ano a ano e que nem a instituição da Contribuição Provisória sobre

Movimentações Financeiras conseguiu amenizar.

Tanto nos anos imediatos pós-88, como atualmente, depois da implosão do Sistema de Seguridade

Social, a função saúde tem sido financiada com as sobras das despesas com benefícios de

Previdência. Mesmo em períodos em que a arrecadação de contribuições sociais mostrou crescimento

significativo, houve insuficiência de recursos para financiamento da saúde.

Ao lado da insuficiência dos gastos públicos federais, estados e municípios também gastam

muito pouco com saúde. É verdade que existem exceções – poucas – importantes.

Estava, portanto, na hora, de serem definidos os recursos de que o sistema necessita.

Os novos aportes de recursos para o setor, previstos em decorrência a da aprovação da PEC da

Saúde, são, assim, muito bem-vindos, mas essa ainda não é a solução final do problema: alguns

tópicos merecem reflexão.

Em primeiro lugar há que considerar que são recursos bem-vindos, mas ainda insuficientes

para as necessidades de um sistema que se propõe a ser universal e eficaz: mesmo com o aporte

previsto, ainda estaremos gastando com saúde bem menos do que gastam, em média, os países

subdesenvolvidos. Em comparação com outros países de nível de desenvolvimento econômico

1 É possível que já tenha sido promulgada, na data de realização do pronunciamento.

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