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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

populações encarceradas e – em razão do alto turn over desse grupo – para as comunidades que

os recebem.

As prisões são provavelmente importantes fontes da transmissão do HIV e legislações que

concorrem para aumentar a população carcerária, e de UDI nela, agravam o problema.

Em muitos países – como, provavelmente, é o caso do nosso –, a implantação de projetos de

troca de seringas pode exigir ações diretas e mesmo ilegais de parte das autoridades sanitárias.

Conclusão

Os usuários de drogas injetáveis (UDI) constituem um grupo de risco cuja importância é estratégica

na dinâmica da transmissão da infecção pelo HIV. Muito provavelmente o controle da Aids

não será atingido sem o controle da infecção entre UDI.

A estratégia de redução de danos aplicada à prevenção da transmissão do HIV entre UDI tem

permitido o desenvolvimento de programas eficazes e com elevada relação benefício/custo.

Ainda que esses programas tenham composições de atividades distintas, alguns componentes

têm sido mais frequentemente encontrados, entre eles a disponibilização de equipamento

estéril de injeção (através de postos de troca, da venda livre em farmácias públicas e por máquinas);

a oferta de manutenção com metadona (especialmente na Europa e Austrália, onde o uso de

heroína tem prevalência relevante); a informação, educação e organização dos UDI e a extensão

e diversificação de serviços de tratamento da dependência.

As avaliações realizadas mostraram que os programas baseados na estratégia de redução de

danos não apenas são eficazes como não produziram nenhum dos supostos efeitos negativos

que os oponentes à estratégia previam como muito prováveis: não promoveram aumentos do

consumo, da prevalência de injeção e da promiscuidade sexual nem de barreiras para a aproximação

de pacientes a programas de tratamento. Ao contrário: as evidências são de que tais programas

obtiveram redução do consumo, da prática de injeção, do compartilhamento de seringas

e de práticas sexuais de risco, além de aumentarem o número de pessoas atendidas em serviços

de tratamento.

Essa tecnologia possui, no entanto, problemas ainda não resolvidos, entre eles a carência

de formas eficazes para persuadir autoridades a adotar programas efetivos e promover alterações

na legislação; a ausência de estratégias viáveis para prevenção da transmissão do HIV entre

prisioneiros e a necessidade de sistemas práticos e confiáveis de vigilância epidemiológica e de

metodologias de avaliação.

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