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Escritos de Saúde Coletiva

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escritos de saúde coletiva

medidas mais efetivas para o enfrentamento das principais epidemias, como a própria criação

de organismos de Estado para a gestão da saúde coletiva. O grande desenvolvimento da tecnologia

médica (farmacoterapia, novos métodos diagnósticos e terapêuticos), no entanto, teve de

esperar a superação dos grandes conflitos bélicos da primeira metade do século e se fez, com

renovado vigor, a partir do pós-guerra, conferindo grande e crescente densidade tecnológica à

prática médica e ampliando seus custos, junto com sua eficácia.

A Medicina Científica Ocidental constitui o saber e a prática curativa hegemônicos nas sociedades

contemporâneas do Ocidente, refutando como não verdadeiras ou socialmente inaceitáveis

as demais medicinas pré-científicas.

Do ponto de vista da tecnologia médica, enquanto a Medicina Científica Ocidental emprega

intensivamente meios e procedimentos diagnósticos e terapêuticos tecnificados (técnicas de

imagem, endoscopia, instrumentos ópticos etc.) e medicamentos produzidos por processos químicos

e em escala industrial, as medicinas tradicionais contam com recursos terapêuticos mais

diversificados, mas de menor densidade tecnológica, baseados em técnicas de intervenção direta

do médico sobre o corpo (massagem, digito-pressão, acupuntura, ventosas, mochas) e na prescrição

de medicamentos de origem variada, pouco manufaturados.

As medicinas tradicionais constituem, assim, sistemas mais ou menos fechados e pouco alterados

de conhecimentos e práticas diagnósticos e terapêuticos, pré-científicos, oriundos de

diferentes culturas e momentos históricos – como é o caso da Medicina Tradicional Chinesa, conhecida

em nosso meio como “acupuntura”, e da Medicina Aiurvédica, de crescente aceitação em

nosso meio. Além dessas, desenvolveram-se e têm, como elas, larga aceitação em nossa sociedade

outras formas de cura e cuidado que não seguem o paradigma científico.

Essas outras formas incluem tanto os saberes e práticas de cuidados baseados na utilização

de plantas, animais, alimentos e outros produtos tradicionais de determinados grupos populacionais,

como o emprego terapêutico de “medicamentos sem princípios ativos quantificáveis” e de

“medicamentos com princípios imateriais” (homeopatia, florais) e de “medicamentos tradicionais”

(em especial, fitoterápicos), além de outras práticas terapêuticas (naturistas, corporais etc.).

No Brasil, esse conjunto de atores são organizados e representados por uma organização denominada

Coletivo Saúde Integral e Cidadania, que reúne associações de praticantes de medicinas

tradicionais (chinesa, indiana, japonesa, indígena, afro-brasileira) e de terapeutas de variadas

formações (naturalistas, tradicionais, florais, corporais, antroposóficos, aromaterapeutas e fitoterapeutas),

e cooperativas (populares, indígenas) e empresas de produção de produtos tradicionais,

entre outros.

Em relação a essas medicinas e práticas de cura contra-hegemônicas, repetiu-se, no seio da

sociedade brasileira, o mesmo fenômeno que já vinha acontecendo na Europa e nos Estados

Unidos da América do Norte, a partir da segunda metade da década de setenta: o importante

crescimento da demanda por alternativas assistenciais representadas por outras racionalidades

médicas, entre as quais a Medicina Tradicional Chinesa, a Naturopatia e a Homeopatia, além da

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