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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

em quatro cidades brasileiras (8), 61% das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito apresentavam

alcoolemia positiva, sendo que essa proporção aumentava para 71,1% e 63,6% quando se

tratava de acidentes por choque e capotamento, respectivamente. 56,2% das pessoas que sofreram

atropelamento apresentavam algum nível de álcool no sangue.

A proporção detectada de outras drogas foi pequena: a maconha foi encontrada em 10% dos

envolvidos com acidentes de trânsito em Recife, mas em bem menos da metade dessa proporção

nas demais cidades; a cocaína foi detectada em menos de 4% e outras substâncias psicoativas em

proporções ainda menores: benzodiazepínicos (3,4%), barbitúricos (1,5%), anfetamínicos (0,6%)

e opioides (0,3%).

Um aspecto preocupante do problema é o uso de drogas por crianças e adolescentes. Todos

os estudos mostram que existem padrões de consumo diferentes entre crianças e adolescentes e

adultos (9). Está claramente estabelecido que a dependência de tabaco, por exemplo, se estabelece

na adolescência, uma vez que 82% dos adultos tabaquistas iniciaram-se no uso dessa droga

antes dos 18 anos. (10) Também foi comprovado que aqueles que começam a beber antes dos 15

anos de idade têm um risco quatro vezes maior de se tornar alcoólatras que aqueles que começam

a beber depois dos 21 (11).

Os Estados Unidos (11) e a Europa (12) vêm apresentando, nos últimos dez anos, um grande

crescimento do número de adolescentes expostos a drogas, do uso de drogas por crianças e

adolescentes e de urgências médicas e óbitos relacionados ao uso de drogas por essas faixas

etárias. Têm sido registradas também variações temporais no padrão de uso. Atualmente, nota-se

pequena redução no uso de tabaco, grande aumento do uso de álcool e de maconha, substituição

da cocaína e dos anfetamínicos pela heroína e da via injetável pelo fumar ou cheirar.

No nosso meio, o consumo de substâncias psicoativas por crianças e adolescentes vem sendo

monitorado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), de São

Paulo, pela realização, desde 1987, de levantamentos sistemáticos do uso indevido de drogas por

estudantes de primeiro e segundo graus e crianças e adolescentes de rua. Essas pesquisas confirmam

a tendência mundial que aponta em direção à iniciação cada vez mais precoce e de forma

mais pesada no uso abusivo de drogas.

O último levantamento, realizado em 1997, mostrou, entre outras coisas, que, em nosso País:

– a iniciação no uso de drogas se dá muito cedo: 51,2% dos estudantes pesquisados já tinham

usado álcool antes dos 12 anos de idade; 11,0%, tabaco; 7,8%, solventes; 2,0%, ansiolíticos e 1,8%,

anfetamínicos;

– álcool (15,0%) e tabaco (6,2%) são as drogas mais frequentemente consumidas, isto é, são

usadas rotineiramente (seis ou mais vezes por mês); as outras drogas consumidas nessa intensidade

são: solventes (1,3%), maconha (1,1%), ansiolíticos e anfetamínicos (0,7% cada um) e cocaína

(0,4%);

– é crescente a tendência de uso frequente de maconha (em dez das cidades estudadas), de

cocaína e de álcool (em seis cidades, cada um);

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