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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

os preços dos medicamentos fitoterápicos, oficinais e homeopáticos, retomando uma tradição de

não controlar os preços dessas classes de medicamentos.

Durante um ano, executou-se o projeto de liberação gradual de preços, alcançando, primeiro,

os medicamentos de venda livre, depois, os dependentes de prescrição médica e, por fim, aqueles

destinados ao tratamento das doenças crônicas. A liberação de preços se completou, afinal, em

junho de 1992, quando foram liberados de controle governamental todos os preços de produtos

farmacêuticos de uso humano.

Apesar do longo e trabalhoso processo, a estratégia não surtiu os efeitos desejados de promover

a estabilização dos preços dos medicamentos, uma vez que, tão logo liberados e até a implantação

do Plano Real, em junho de 1994, os preços voltaram a sofrer majorações importantes.

Da liberação gradual ao novo congelamento do Segundo Governo FHC

Com a implantação do Plano Real, em junho de 1994, os preços – inclusive o dos medicamentos

– foram convertidos para a Unidade de Referência de Valores pela média dos meses de

setembro a dezembro de 1993.

Entre junho de 1994 e dezembro de 1996, o governo manteve um “entendimento informal”

com a indústria farmacêutica, por meio do qual foram fixados parâmetros para o aumento de

preço dos medicamentos, a acontecer a cada seis meses. Apesar desse “entendimento”, o preço

dos medicamentos teve um acréscimo de 260%, nesse período.

Nos anos seguintes, a evolução dos preços tornou-se muito mais acelerada, obrigando o Governo

a estabelecer, por portaria15, uma nova sistemática de acompanhamento de preços – conhecida

como “liberdade vigiada” –, determinando a obrigação de os laboratórios farmacêuticos

comunicarem à Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Justiça (Seae) os

aumentos de preço dos medicamentos sujeitos à prescrição médica. Essa medida freou um pouco

os aumentos.

A desvalorização cambial de janeiro de 1999, no entanto, obrigou a Seae a firmar um “acordo

de cavalheiros” com os laboratórios produtores para diluir o repasse dos efeitos do câmbio no

preço dos medicamentos e matérias-primas importadas. Em julho, foi necessário um novo acordo,

objetivando o repasse do impacto das variações cambiais sobre os demais insumos. Apesar da

atuação efetiva da Seae, não se impediu que o aumento dos preços de medicamentos se fizesse,

no ano de 1999, em percentuais superiores à variação do índice de preços, alcançando, segundo

o IBGE, 16,4%.

O Segundo Governo FHC – reconhecendo a experiência infrutífera de regulação de preços

baseada em tabelamento e em acordos com a indústria farmacêutica, tentada nos anos anteriores

– propõe, em substituição ao controle direto, a criação de “um marco regulatório que possa

15 Portaria nº 127, de 27 de novembro de 1998.

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