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Escritos de Saúde Coletiva

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escritos de saúde coletiva

O uso de drogas no Brasil

A opinião da Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde é de que somos “uma

sociedade afetada de forma dramática pelo uso indevido de drogas” (6).

Com vistas a estimar montantes dos custos relativos ao uso e abuso de drogas em termos de

saúde pública, têm sido considerados os gastos com assistência médica e perdas de produtividade

decorrentes do uso de drogas por trabalhadores, e sociais, decorrentes de mortes prematuras.

Assim, segundo o Ministério da Saúde, o custo imposto pelo uso de drogas psicoativas corresponde,

em seu conjunto, a 7,9% do nosso Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, cerca de vinte e

oito bilhões de dólares ao ano. Apenas o tratamento de doenças tabaco-associadas gera gastos

que correspondem a 2,2% do PIB, enquanto o tratamento de casos de abuso de outras drogas

(exclusive álcool) gasta 0,3% do PIB.

No período de 1995 a 1997, o País gastou, só com internações decorrentes do uso abusivo e

da dependência de álcool e outras drogas, cerca de cem milhões de reais ao ano. Nesse período, o

alcoolismo ocupou o quarto lugar no grupo de doenças que mais incapacitam; a cirrose alcoólica

do fígado foi a sétima causa de óbito na população com mais de quinze anos e cerca de 25% dos

casos novos de aids, notificados ao final do período considerado, estavam relacionados ao uso de

drogas injetáveis. Os transtornos mentais associados ao uso e abuso de substâncias psicoativas

foram o primeiro motivo de internação psiquiátrica e estiveram entre as cinco primeiras causas

de internação hospitalar, no País.

De 1993 a 1997, o número de internações pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) apenas

para tratamento da condição classificada como “dependência de droga” (CID 304) duplicou,

enquanto os gastos totais com essas internações passaram de cerca de novecentos mil dólares

ao ano para quase três milhões. A assistência a doenças tabaco-associadas custa ao SUS outros

oitenta milhões ao ano.

Estudo realizado em 1993 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo encontrou

que de 10% a 15% da força de trabalho empregada naquele Estado tem problemas de dependência

de drogas e/ou álcool. As decorrências desse fato são que o grupo afetado solicitou três vezes

mais licenças médicas; esteve envolvido em 15% a 30% (segundo o setor industrial) dos acidentes

de trabalho ocorridos no período estudado; foi responsável por 50% do absenteísmo e utilizou

um número oito vezes maior de diárias hospitalares que os demais. As famílias dos trabalhadores

com problemas de dependência química utilizaram três vezes mais serviços de assistência médica

e social que a média.

O alcoolismo parece ser a principal dependência química responsável por esse quadro – pelo

menos é o que mostram os estudos nacionais que a pesquisaram separadamente das demais.

Assim, um programa de prevenção ao alcoolismo implantado na Petrobrás reduziu, após dezoito

meses, em 47% o número de dias de licença médica e em 45% o de faltas ao trabalho. (7)

O uso de álcool é também responsável pela maioria dos acidentes de trânsito em nosso meio:

segundo estudo realizado com patrocínio do Sistema Nacional de Trânsito, realizado em 1997

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