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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

O programa foi reformulado, em 1998, com alteração de enfoque e de cobertura: passou a executar-se

em um número maior de municípios – antes alcançava apenas municípios com até vinte

mil habitantes – e sob uma diretriz de descentralização. Mas não durou.

Em 1998 foi elaborada e entrou em vigor a Política Nacional de Medicamentos, instituída

como “instrumento norteador das ações do Ministério da Saúde no campo da política de medicamentos

do setor público”, estruturando a assistência farmacêutica no âmbito do Ministério da

Saúde e do SUS.

A nova política implementada pela administração do Ministério da Saúde com o apoio dos

secretários de saúde fundamentava-se na descentralização da atividade, atribuindo ao Ministério

funções de definir políticas e incentivar a pesquisa, enquanto a aquisição e distribuição de

medicamentos passaram a ser responsabilidades dos gestores estaduais e municipais do SUS. O

financiamento da ação passa a ser compartilhado entre os três níveis de gestão.

A assistência farmacêutica no âmbito do SUS foi organizada em quatro segmentos: a Assistência

Farmacêutica Básica; os Medicamentos Estratégicos; os Medicamentos de Dispensação em

Caráter Excepcional; e os Medicamentos de Saúde Mental.

A Assistência Farmacêutica Básica estava voltada para a atenção básica e foi implementada

por meio do Programa de Incentivo à Assistência Farmacêutica Básica, que consistia na transferência

de recursos federais a estados e municípios que aderissem a ele e se habilitassem junto ao

Ministério, aportando contrapartidas financeiras e infraestrutura material e de recursos humanos,

para a compra descentralizada de medicamentos específicos, relacionados na Relação Nacional

de Medicamentos Essenciais (RENAME). O elenco mínimo de medicamentos a serem obrigatoriamente

disponibilizados pelo programa foi definido e pactuado entre o Ministério e as secretarias

de saúde entre março de 1999 e agosto de 2000, com base em critérios epidemiológicos. Em

dezembro de 1999, 98,5% dos municípios estavam habilitados e executando o Programa de Assistência

Farmacêutica Básica.

Os medicamentos estratégicos (utilizados para o tratamento de doenças de perfil endêmico,

como tuberculose, aids, malária, diabetes etc. – estratégicos no contexto da Política Nacional de

Saúde) mantiveram sua aquisição centralizada no Ministério da Saúde, sendo repassados aos estados

e municípios, conforme suas necessidades.

Os medicamentos de dispensação em caráter excepcional (aqueles de alto custo, utilizados

para o tratamento de doenças neurológicas, autoimunes, hepatites e outras, além dos usados pelos

pacientes transplantados) e os medicamentos de saúde mental tinham uma linha específica

de financiamento, por meio do repasse de recursos financeiros do Ministério da Saúde para os

estados e municípios, que utilizavam esses recursos para adquirirem e distribuírem esses medicamentos

de acordo com as necessidades da população. Também no caso desses dois tipos de

medicamentos, era exigida contrapartida financeira dos estados e municípios. No ano de 2002,

duas portarias atualizaram a relação de medicamentos de dispensação em caráter excepcional.

Uma repercussão imediata da nova política foi a ampliação de recursos financeiros destinados

à atividade. No nível federal, os gastos da União com assistência farmacêutica passaram de 230,7

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