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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

interpretado como o início de um processo de liberação dos preços dos medicamentos. Os preços

dos demais medicamentos, no entanto, continuam congelados até junho.

A expectativa do governo era de que, como os medicamentos que tiveram seu preço liberado

têm grande competitividade, seriam regulados pelo próprio mercado. Isso, no entanto, também

não aconteceu: a média de reajuste de preço, um mês depois da liberação, era de 11,8%, obrigando

a Agência Nacional de Vigilância Sanitária a sair a campo e multar alguns laboratórios.

Em 1º de março, os consumidores de medicamentos passaram a pagar, em média, 8,63% a

mais por 2.740 medicamentos, corrigindo defasagens provocadas pelo câmbio.

Com os últimos aumentos, as vendas no varejo caíram cerca de 3%.

A situação atual da assistência farmacêutica

A assistência farmacêutica no âmbito do SUS

Em dezembro de 2002, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), depois de avaliar

a disponibilidade de 61 medicamentos selecionados da Rename, em 50 unidades do SUS, de 11

cidades do País, constatou que o Sistema não consegue garantir sequer os medicamentos essenciais.

Segundo o estudo, a rede pública de saúde falha em garantir o acesso da população a medicamentos

para tratar doenças como diabete, asma, hipertensão e transtornos mentais. Em média, só

55,4% dos medicamentos pesquisados foram encontrados. O país que garantiu o acesso universal

aos medicamentos contra a aids – e recebeu o reconhecimento internacional por isso – não consegue

disponibilizar medicamentos básicos para doenças e problemas mais simples e baratos de

tratar, como gonorréia, hipertensão, diabetes e infestação por piolhos.

Segundo o presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, os recursos

para a assistência farmacêutica são insuficientes, porque alguns estados não têm investido o devido.

O problema não é apenas de descumprimento de contrato entre estados e Ministério da Saúde

quanto ao aporte de contrapartida dos primeiros. É bem mais grave e passa pela enorme deficiência

da infraestrutura material e de recursos humanos das secretarias de saúde: depósitos e centrais

de abastecimento e distribuição insuficientes e mal equipados, insuficiência de recursos humanos,

tanto em quantidade quanto em qualidade, e planejamento e gestão não profissional, entre outros.

A assistência farmacêutica no âmbito do SUS mobilizou, em 2002, três bilhões de reais.

Farmácias que vendem de tudo

Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o País tem 54

mil estabelecimentos do ramo, 80% dos quais de pequeno porte. O setor tem uma receita de R$ 864

milhões por ano.

Nos últimos anos, o número desses estabelecimentos não apenas aumentou como se exacerbam,

sobremaneira, seu aspecto comercial, em detrimento do assistencial. Mais atraentes e com grande

variedade de produtos, além de remédios, as farmácias e drogarias se multiplicam, especialmente nas

regiões mais desenvolvidas do País e das cidades.

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