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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

7.3 - Deve-se regulamentar as medicinas tradicionais no Brasil

(2016)

É politicamente viável regulamentar o exercício das medicinas tradicionais em nosso país?

(Supondo que ela seja necessária ou útil) E a vigilância sanitária dos medicamentos utilizados

nessas práticas de cura que não se adéquam aos cânones da farmácia moderna? Devemos

adotar a solução europeia, que estabelece procedimento especial de registro simplificado para

medicamentos tradicionais? (1)

Seria viável politicamente a criação de uma agência ou subsecretaria especial de proteção e

promoção das medicinas tradicionais? E a revisão das normas sanitárias relativas à normatização

e fiscalização sanitária do setor?

Medicinas tradicionais são medicinas pré-científicas desenvolvidas em civilizações antigas e

que sobrevivem como conhecimentos e práticas socialmente aceitos tanto nas sociedades atuais

que evoluíram daquelas, como em outras cultural e geograficamente afastadas, geralmente sob

formas sincretizadas com a Medicina Científica Ocidental.

Várias civilizações desenvolveram uma medicina própria, entendida como um campo de saberes

(anatomia, fisiologia, patologia) e práticas (semiotécnica, terapêutica) voltados para o diagnóstico

e o tratamento das doenças e, em alguns casos, sua prevenção, refletindo a cosmogonia

e o conhecimento vigentes naqueles contextos civilizatórios. Registros históricos mostram a existência

de conhecimentos e práticas médicas sistematizadas por volta o ano 2.500 a.C., no Egito

Antigo; em torno do ano 2.000 a. C, na China (Medicina Tradicional Chinesa), na Índia (Medicina

Aiurvédica) e na Babilônia; no ano 500 a.C., na Grécia (Medicina Clássica ou Hipocrática) e no ano

500 d. C. na civilização Maia.

A Medicina Científica Ocidental é o resultado da evolução histórica da Medicina Grega e sua

transformação em medicina científica no final do século XIX.

A medicina hipocrática (de Hipócrates, o principal sistematizador do conhecimento médico

na Grécia Clássica) foi transposta para a civilização romana e aperfeiçoada (Medicina Galênica

– de Galeno, cirurgião e médico romano de grande sucesso que reformulou a medicina grega

praticada em Roma, no século II d.C.). Durante a Idade Média, os conhecimentos médicos greco-

-romanos foram conservados e difundidos pela civilização árabe, de tal forma que, já nos séculos

VII e VIII, tratava-se de uma medicina greco-árabe. Essa medicina foi reformulada pelos árabes e

judeus europeus durante os anos da Convivência Ibérica até o século XIV, num movimento que

ficou conhecido como neogalenismo, caracterizado pela ampla divulgação dos textos médicos

gregos, romanos e árabes e sua reinterpretação.

No século XIX, o desenvolvimento das ciências naturais (botânica, química, óptica, bacteriologia,

parasitologia, entomologia) influenciou o desenvolvimento do conhecimento e da prática

médicos. Esses avanços, ao permitirem o esclarecimento das causas biológicas das doenças e o

desenvolvimento de meios de prevenção (imunização, soroterapia, isolamento, controle de vetores,

notificação de casos), ensejaram, no início do século XX, não apenas a generalização de

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