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Escritos de Saúde Coletiva

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escritos de saúde coletiva

A Ceme teve, assim, um papel preponderante no fortalecimento da indústria farmacêutica

privada nacional, promovendo a nacionalização espontânea de um dos setores mais decisivos: a

produção de matérias-primas.

Isto foi obtido pelo estímulo e apoio, técnico e financeiro, aos laboratórios oficiais e à indústria

nacional, e acompanhou-se de um movimento de instalação, no Brasil, de laboratórios produtores

por parte de empresas multinacionais, em busca de suprir a demanda da indústria farmacêutica

do País, que decorria da ampliação do programa estatal de assistência farmacêutica e do

consumo interno de medicamentos.

Um dos resultados mais positivos e duradouros da Ceme consistiu na elaboração da Relação

Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). A Rename não foi extinta com a Ceme e continua

desempenhando seu papel.

Instituída em 1964 11 , denominada “relação Básica e Prioritária de Produtos Biológicos e Materiais

de Uso Humano e Veterinário” – bem antes da criação da Ceme, portanto, – a definição de

uma relação de medicamentos buscava ser um instrumento normativo para o planejamento e

execução de programas de assistência farmacêutica das instituições oficiais e, ao mesmo tempo,

foi uma tentativa de disciplinar o volume de medicamentos objeto de transações comerciais no

nosso mercado.

O caráter racionalizador da adoção de uma linha padronizada de medicamentos, esperava-se,

teria reflexos positivos para a redução de custos e o aprimoramento da assistência farmacêutica

no âmbito do sistema público de saúde. Esses objetivos foram, no entanto, ultrapassados, influenciando

o sistema varejista privado, as classes profissionais e o público em geral, na medida

em que os três níveis de governo eram compradores de quase 50% da produção da indústria

farmacêutica nacional.

A primeira edição da Rename incluía 302 tipos de medicamentos e foi objeto de ferrenha

oposição, orquestrada e apoiada pelos laboratórios.

A Ceme estabeleceu controles sobre a produção, a comercialização, o controle de qualidade e,

até, a apresentação dos medicamentos utilizados em seus programas. Adquiriu e concentrou um

conhecimento sobre a produção de medicamentos e matérias-primas que estava disperso e fora

do Governo, incluindo: parque industrial nacional, características e potencialidades regionais,

máquinas, processos produtivos, administração da produção, potencial do mercado nacional e

internacional, potencialidades e limitações.

Transformou-se, assim, numa central de experiências e informações que a tornaram estratégica

e vital para o setor. E tudo isso foi novamente dispersado com sua extinção.

11 Decreto nº 53.612, de 26 de fevereiro de 1964.

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