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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

3.3 – Lei de Propriedade Intelectual e Lei de Distribuição

Universal de medicamentos para aids: contexto social, político

e legislativo (2006)

Contexto político

Em 1986, no ano em que a Lei de Propriedade Intelectual e a Lei de Distribuição Universal

[de medicamentos para a aids] foram aprovadas pelo Congresso Nacional e entraram em vigor,

estávamos na metade daquela que ficou conhecida como a década do social-liberalismo, iniciada

com a aventura bonapartista de Collor e consolidada pelos governos que se seguiram – Itamar

Franco e Fernando Henrique Cardoso (este último um governo de coalizão da socialdemocracia

com liberais) – e que se caracterizou, principalmente, pela instituição de um processo de desregulamentação,

de privatizações e de reestruturação do papel do Estado, no qual toma relevância,

a precarização de seu papel social.

Uma das mais sérias críticas que, desde a campanha pela Presidência, se faziam ao novo governo

era a fragilidade e mesmo a ausência de políticas sociais.

Deslanchava uma política, implementada com grande eficácia a partir de então, de contenção

dos gastos públicos – em especial em investimentos, em políticas públicas voltadas para realização

de direitos sociais, e em pessoal. Na área econômica, adotou-se o que passou a ser chamado

de “financeirização dos orçamentos públicos”, isto é, aumento crescente da arrecadação e contenção

de gastos públicos, comprometendo os superávits fiscais com o pagamento dos juros da

dívida pública, sempre crescentes.

É dessa época a formulação, pelos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Administração

e Reforma do Estado, da Reforma do Estado que, ao lado de avanços de ordem gerencial (metas,

desempenho e contratos de gestão), reduziu o seu papel, na busca do Estado Mínimo.

Dessa política resultou, em especial na área social, o desaparelhamento da máquina estatal

para formular e implementar políticas públicas com base nos direitos sociais, ao lado de seu fortalecimento

e eficiência para arrecadar, pagar juros e repassar recursos para redes terceirizadas.

Política de saúde

Em meados da década de 90, vislumbravam-se progressos importantes nas condições de saúde

em decorrência do sucesso do Plano Real que permitiu aumento do consumo de alimentos e serviços

antes inacessíveis às classes pobres e reduziu a mortalidade infantil e a prevalência de desnutrição.

O Programa de Agentes Comunitários de Saúde se mostrava uma estratégia exitosa nas comunidades

em que fora implantado; o combate às fraudes e ao desperdício dava resultados positivos,

e, apesar das dificuldades e da carência de recursos, programas de controle de doenças

estavam obtendo êxitos importantes, como demonstravam a erradicação da poliomielite, o enfrentamento

das epidemias de cólera e dengue e o controle da aids.

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