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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

Nesse país, a grande maioria dos problemas de saúde detectados está associada ao uso da heroína

e da via parenteral. Os problemas associados ao uso de cocaína têm aumentado em forma

progressiva nos últimos anos, mas continuam sendo muito menos frequentes que os associados

ao uso de heroína (1).

Um importante aumento da mortalidade associada ao uso de heroína foi observado durante a

década de 80, em alguns países da Europa, em decorrência, principalmente, do envelhecimento e

deterioração física dos usuários e, em algumas áreas, à superposição da infecção pelo HIV.

Foram observados, na Espanha, alguns picos de mortalidade, isto é, agregações espaciais e

temporais de mortes por reações agudas, cuja causa nunca foi cabalmente esclarecida, mas supõe-se

serem devidos a alterações bruscas da pureza ou da qualidade da heroína circulante. (1)

Nos últimos anos, a mortalidade por reação aguda começou a diminuir em várias regiões da

Espanha, em decorrência da diminuição do uso da via parenteral para administração tanto de

heroína quanto de cocaína, e sua substituição pela via fumada (6).

O fenômeno da redução do uso da via parenteral como via principal de administração foi observado

em dois estudos na Espanha (6) e também no Reino Unido e na Holanda, nos últimos anos.

A diminuição do uso da via parenteral deve estar associada a fatores socioculturais ou de

mercado, uma vez que a epidemia de Aids não parece ser a causa principal, já que o início dessa

tendência é anterior ao desenvolvimento da epidemia e ela é menos evidente em regiões com

maior incidência de Aids. Da mesma forma não pode ser atribuída, segundo os estudos citados, à

ação de intervenções preventivas, uma vez que seu início – pelo menos na Espanha – é anterior à

implementação de tais políticas e sua intensidade – variada entre diferentes regiões do país – não

guarda relação com a pequena variação existente no grau de implementação de ações preventivas,

entre as regiões.

De qualquer forma, na primeira metade desta década, o impacto da mortalidade associada

ao uso de drogas 44 reverteu a tendência descendente da mortalidade juvenil que vinha sendo

observada, na maioria das regiões da Espanha.

Os dados disponíveis não permitem um conhecimento preciso sobre a extensão e a evolução

do uso de cocaína na Europa Ocidental, no entanto eles indicam que seu impacto social e sanitário

tem sido pequeno. Na Espanha, em 1991, tanto o número de tratamentos como o número de

emergências associados ao uso de cocaína foram trinta vezes menores que aqueles associados

ao uso de heroína.(1)

Este padrão, encontrado também em outros países da Europa Ocidental, difere da experiência

norte-americana com essa droga, onde a cocaína é a droga ilegal mais frequentemente envolvida

em emergências médicas, em óbitos e em mortes violentas, associados ao uso de drogas. É

também a droga que mais motiva a busca de tratamento especializado.

44 As estatísticas citadas consideram apenas duas causas de morte associadas ao uso de drogas: aids e reação

aguda ou overdose.

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