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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

ma governamental de produção de matérias primas farmacêuticas prioritárias, ao mesmo tempo

em que examinava e emitia pareceres técnicos sobre projetos industriais e empreendimentos

candidatos a financiamento governamental e incentivos fiscais.

Um “programa de produção” coordenava as atividades de fabricação dos laboratórios governamentais

e de aquisição complementar junto às indústrias privadas e no exterior. O número de

unidades de que se compunha a rede produtora de laboratórios oficiais alcançou 22, quatro anos

após a criação da Central e chegou a 27, no período de maior atividade, para, nos anos próximos

a sua extinção, reduzirem-se a 15.

Um “programa de distribuição” respondia pela organização e modernização de uma rede de

distribuição e pelo abastecimento da rede prestadora de serviços, coordenando, apoiando e supervisionando

a atuação das secretarias de saúde dos estados.

Por fim, um “programa de controle de qualidade” implantou um sistema externo de controle

de qualidade e de farmacovigilância, integrado por instituições especializadas, alheias ao sistema

de produção.

Menos de um ano após sua criação, em abril de 1972, a Ceme iniciava a distribuição de medicamentos

na Região Nordeste, a primeira a ser atendida. O número de municípios e serviços e a população

coberta cresceram para alcançar mais de 80% dos municípios, em todas as regiões, já em 1976.

Com relação ao desenvolvimento científico e tecnológico, a Ceme orientou sua atuação para

o aproveitamento de produtos naturais brasileiros e dos fármacos que deles se originam.

A disponibilidade de medicamentos nos serviços públicos foi responsável por um dos resultados

mais interessantes da atuação da Ceme: o aumento da demanda e da pressão pelo crescimento

quantitativo da oferta de serviços médico-sanitários.

Nesse sentido, a atuação da Ceme não apenas expandiu o mercado de medicamentos no País

como teve função redistributiva, sendo os serviços de assistência médica da Previdência Social e

seus beneficiários os que mais se beneficiaram da atuação da Ceme.

Sua atuação não apenas estimulou a ampliação da oferta de serviços de saúde. Ela influenciou

decisivamente o aperfeiçoamento das estruturas administrativas do setor de saúde.

Funcionou como mecanismo regulador de preços de mercado. Mal tinha iniciado sua atuação,

a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma) propôs, já em janeiro de 1972,

associar-se ao governo, ampliando sua participação de fornecedor de matérias primas para a de

medicamentos e oferecendo uma redução da ordem de 45%, em relação ao preço de farmácia,

para a venda de medicamentos para a Ceme.

É interessante notar que a participação da indústria farmacêutica como fornecedor da Ceme

iniciou-se em 1973 e cresceu consideravelmente nos anos seguintes. Em 1976, 21% dos gastos

com medicamentos distribuídos já eram relativos a compras à indústria privada nacional e 3%

do exterior. Em 1977, a participação da indústria privada alcançou 45%, evidenciando uma tendência

que se aceleraria nos anos seguintes. Nos últimos anos de sua existência, a Ceme, tinha se

transformado numa grande compradora e repassadora, da indústria para os serviços.

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