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Escritos de Saúde Coletiva

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coleção de estudos do Doutor Luiz Carlos P. Romero

50% das receitas não são aviadas porque os seus destinatários – clientes do SUS ou de planos de

saúde – não dispõem do dinheiro necessário.

Atualmente mais de 700 medicamentos genéricos têm registro na Anvisa, produzidos por

37 empresas.

A experiência nacional de regulação de preços de medicamentos

Características estruturais do mercado de medicamentos tornam-no – na linguagem dos economistas

– imperfeito do ponto de vista concorrencial e favorecem a monopolização. Entre outras,

essas características mais importantes são a elevada concentração dos produtores, o fato de o consumidor

estar tecnicamente impossibilitado de decidir o que consumir e a existência de patentes.

A experiência internacional tem demonstrado que a indústria farmacêutica, livre da interferência

governamental, é imune à competição por preços. O consumidor final fica à margem da

escolha do medicamento, a quase totalidade dos médicos desconhece o preço daquilo que receita

e ao comerciante – mesmo quanto este é um farmacêutico – interessa vender o produto mais

caro, pois a ele cabe um percentual das vendas.

As políticas de intervenção do Estado nesse mercado têm adotado duas estratégias básicas:

a atuação direta sobre o preço e intervenções extra preço. Especialmente nos países da Europa,

uma associação das duas – intervenção extra preço e tabelamento – tem sido empregada.

As principais estratégias de intervenção extra preço são a utilização do poder de barganha

que decorre do grande volume de compras institucionais – do governo, nos países europeus e no

Brasil; dos planos de saúde, nos Estados Unidos –; a implementação de políticas de incentivo ao

registro e ao uso de medicamentos genéricos; a existência de programas voltados para tornar o

setor mais competitivo, e a promulgação e aplicação de uma legislação antitruste.

Nos países cujo sistema público de saúde é grande comprador de insumos – como a Inglaterra,

o Canadá, a França e o nosso – o governo tem um grande poder de barganha que deriva do

volume de compras do sistema de saúde, e isso acaba por influenciar o preço de mercado. Nos

Estados Unidos esse papel é feito pelos planos de saúde, que – diferentemente dos nossos – cobrem

ou ressarcem gastos com medicamentos.

Políticas de incentivo ao registro e uso de medicamentos genéricos também se mostraram

estratégias eficazes de regulação de preços em várias partes do mundo.

A implantação e o apoio a programas de desenvolvimento tecnológico da indústria farmacêutica

estatal e privada nacional e de apoio e fortalecimento às micro e pequenas empresas são

outra estratégia bastante empregada.

Por fim, uma legislação antitruste, que amplie as condições de concorrência e apoie as demais

estratégias, tem sido adotada.

Nosso País, ao contrário dos desenvolvidos, vem tentando, nos últimos trinta anos, um conjunto

de estratégias, formais e informais, de controle e de intervenção direta nos preços de medicamentos

que – todas elas – mostraram-se ineficientes.

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