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O Dinossauro - Ordem Livre

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engenharia social. Hayek chamou à pretensão de planejar o destino do homem de<br />

construtivismo. E Kristol definiu o racionalismo como "um caso de elefantíase do espírito<br />

de inquérito racional — um espírito que, em si, nada por princípio possui que seja digno de<br />

objeção. Mas se desejamos ser teológicos a seu respeito, poderíamos acentuar que o<br />

racionalismo nas ciências sociais é um caso de hubris"...<br />

Não foi Marx o primeiro a propor a transformação radical do mundo: todos os<br />

belos metafísicos do século XVII, com seus redingotes de veludo, suas perucas brancas e<br />

seus punhos de renda, fizeram courbetes ao oferecer projetos grandiosos e profetizar, com<br />

entusiasmo ingênuo, uma visão da Utopia com o progresso vertiginoso da liberdade no<br />

futuro. A América, aliás, valeu-se desses sonhos construtivistas e passou a ser o "Novo<br />

Mundo". Numa sociedade ideal nasceriam, sob o império da Razão, a liberdade, a igualdade<br />

e a fraternidade. A ciência daria ao homem progresso ou o que chamamos hoje<br />

Desenvolvimento. Essas utopias concretizaram-se no século XIX em projetos detalhados,<br />

rebentando, no nosso próprio século, em movimentos milenaristas revolucionários de<br />

efeitos catastróficos bem conhecidos. Duas guerras mundiais, várias revoluções sangrentas,<br />

duzentos milhões de homens massacrados e outros tantos escravizados, tudo em nome da<br />

ciência, da técnica e de um qualquer discurso totalitário, essas tristezas finalmente<br />

despertaram em nós uma saudável desconfiança para com os sonhos de juventude talvez<br />

mal inspirados.<br />

Naquela época, porém, venerava-se a ciência e a razão. A inteligência racional do<br />

homem seria o remédio aplicável a todas as atividades humanas e a todos os setores da<br />

realidade histórica existente: a fé inocente perdurou até que a loucura humana se tornasse<br />

mais evidente. A Idade da Razão coroa, de qualquer forma, uma evolução cujas origens se<br />

podem encontrar na idade clássica, na Grécia e em Roma. Muitos chegaram a acreditar, do<br />

alto de seu orgulho impertinente, que o homem ocidental é um homem de razão e que,<br />

nesse sentido, a história da Europa configuraria, toda ela, um esforço de expressão da Razão<br />

ou do Espírito (o Geist hegeliano), nela imanente, e se contrapondo ao obscurantismo<br />

oriental. Na verdade, sementes desta altiva posição podem ser encontradas na Escolástica,<br />

pois foram os clérigos medievais, discípulos da lógica aristotélica que, primeiro,<br />

aprenderam a pensar dentro dos cânones draconianos fixados pela Igreja.<br />

O Renascimento liberou o homem de suas cadeias conservadoras enquanto a<br />

Reforma e a Contra-Reforma abarcam, num vasto conflito interior, a grande crise espiritual<br />

do homem ocidental. Nunca, como nessa época, foram tão intensas, tão violentas e<br />

dilaceradoras as paixões políticas, os sentimentos religiosos e o esforço intelectual para<br />

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