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O Dinossauro - Ordem Livre

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ROUSSEAU E O MAL ROMÂNTICO<br />

Interpretações várias têm sido oferecidas do mal que consome o mundo ocidental.<br />

Para alguns é o Individualismo, para outros o Materialismo, ou ainda o Liberalismo, o<br />

Modernismo, o Gnosticismo ou o Agnosticismo, o Utopianismo, o Nominalismo, o<br />

Secularismo, o Coletivismo ou qualquer outro ismo ideológico. Anthony Burgess descobriu<br />

o Pelagianismo liberal. Há soluções ao enigma para todos os gostos, caprichos e<br />

preferências. No momento, quero explorar apenas uma: o mal romântico. Minha alusão não<br />

é, evidentemente, ao romantismo como estilo literário, é ao romantismo como fenômeno<br />

cultural, social e sobretudo político. O romantismo no contexto da reação contra o<br />

racionalismo. É também ao romantismo como fenômeno religioso e aí se torna pertinente a<br />

lembrança de Pelagius, eis que o teólogo britânico do século quarto teria sido o primeiro<br />

pensador romântico do Ocidente. Não desejo, porém, retroagir até as origens medievais do<br />

romantismo, tão interessantemente desenvolvidas por Denis de Rougemont com sua tese<br />

sobre os Trovadores da Provença e da Bretanha.<br />

O mal romântico a que me refiro se declara, na sua vertente moderna, em fins do<br />

século XVIII e com a obra de Jean-Jacques Rousseau. Explode na literatura poética e<br />

novelesca da primeira metade do século XIX e adquire perversidade no edifício<br />

monumental da filosofia idealista alemã, coroada por Hegel. A metástase mortal começa a<br />

se manifestar ao encerrar-se esse mesmo século XIX e princípios do atual, com os sintomas<br />

crescentes da Ideologia — o Nacionalismo, o Socialismo, o Racismo, o Populismo<br />

democrático, o Fascismo e o Comunismo. As grandes datas políticas do mal romântico são<br />

1789, o terror de 1793, as Três Gloriosas Jornadas de baderna em 1830, a rebordosa de<br />

1848, a Comuna de 1871, um milhão de mortos em agosto de 1914, novembro de 1917 com<br />

"dez dias que abalaram o mundo", a década horrenda de 1930 e o "teatro do absurdo" no<br />

ano louco de 1968. Se colocarmos o Freudismo como essência refinada do mal romântico<br />

no âmbito do instinto sexual e considerarmos que hoje ele domina o Ocidente, teremos uma<br />

visão modesta da extensão dessa psicopatologia coletiva, do malaise que afeta nossa<br />

cultura.<br />

O que é o Romantismo? Difícil explicá-lo, e as definições mais desencontradas<br />

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