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O Dinossauro - Ordem Livre

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tirado de minha própria profissão, na qual percorri 43 anos de experiência. Têm os senhores<br />

uma ideia de quanto custa um único marajá, um embaixador, digamos o embaixador em<br />

Roma, cujo singular Q.I. é apenas de ser o amigo do presidente da República, que foi quem<br />

indicou esse diplomata para uma das mais ricas sinecuras da República? Por volta de meio<br />

milhão de dólares por ano! Nas mordomias e benfeitorias que favorecem esse funcionário<br />

exemplar se incluem férias periódicas remuneradas em dólar no Brasil; ajuda de custo para<br />

transporte dele e de sua família; residência, inclusive eletricidade, telefone, aquecimento,<br />

etc; criadagem que, em Roma, ultrapassa os 30 domésticos; Mercedes e outros automóveis<br />

com motorista; até mesmo comida e bebidas, muito embora o embaixador seja favorecido<br />

com verba de representação para custear cocktails e banquetes — em suma, uma<br />

remuneração total, sem pagar Imposto de Renda, que deixaria com água na boca o mais<br />

bem pago executivo americano do Citicorp, da GM e da IBM. E que milionário brasileiro,<br />

por mais fantástico que seja em seus voos de luxúria, já imaginou morar tão suntuosamente<br />

quanto no Palácio Dória Pamphili, um dos mais opulentos e grandiosos do barroco italiano,<br />

construído por um papa, possuindo mais de cem peças entre salões, galerias de arte, quartos<br />

e escritórios! Pode isso tudo justificar-se como residência de um representante (em geral<br />

medíocre) de um país em que 300 mil crianças morrem anualmente antes de completar um<br />

ano, em que há pelo menos 20 milhões de analfabetos e igual número de sertanejos<br />

sofrendo de endemias rurais? Mas acrescentai ao embaixador junto ao Quirinal o que<br />

representa o Brasil junto à Santa Sé e junto à FAO para não fazer coisa alguma, e os 20 ou<br />

30 outros que servem em lugares absolutamente distantes de nossos interesses políticos,<br />

econômicos ou culturais. E as dezenas e centenas de outros funcionários de estatais, do<br />

IBC, do Lóide, do BB, de tantas outras repartições que não desejam ficar atrás do Itamaraty<br />

e pagam a seus executivos no Exterior salários nababescos de 14, 15, 16 mil dólares<br />

mensais e mais mordomias!<br />

Não é de admirar que toda essa gente, parasitando e explorando a população<br />

brasileira, descubra as "injustiças sociais", reclame o calote na dívida externa,<br />

argumentando com a "fome de nosso povo", se declare marxista e denuncie as<br />

multinacionais. Pudera! Os vira-bostas muito terão a perder no dia em que o capitalismo,<br />

esse mesmo, for selvagemente imposto ao País...<br />

É verdade que não se pode corrigir em poucos anos um mal secular (pois vem da<br />

época do Vice-Reinado e está relacionado com um traço do temperamento coletivo). A<br />

tolerância tradicional da "solução brasileira" e o "método gradualista", a ignorância<br />

generalizada que vem de um sistema educacional defeituoso em todos os seus níveis, a<br />

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