12.04.2013 Views

O Dinossauro - Ordem Livre

O Dinossauro - Ordem Livre

O Dinossauro - Ordem Livre

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

daqueles que o controlam. Por que nenhuma estatística é oferecida para ilustrar a<br />

percentagem monumentalmente crescente das despesas da União, dos estados e dos<br />

municípios com a manutenção da burocracia? Por que nada é dito sobre as mordomias e<br />

privilégios escandalosos, ofensivos a todo critério igualitário, que favorecem os marajás do<br />

governo, os parlamentares, os ociosos dos estados e municípios, os dirigentes das empresas<br />

estatais e das demais instituições públicas? Por que o segredo? Por que não pagam<br />

impostos?<br />

Aí está a contradição radical da proposta jaguaribeana: a igualdade econômica,<br />

para ser imposta, tem de ser viabilizada pela intervenção estatal a partir de um comum<br />

denominador de ineficiência e pobreza. Cresce então o Estado até alcançar proporções<br />

leviatânicas. E cresce a própria desigualdade entre os privilégios da Nova Classe, que<br />

administra o Estado, e a massa dos administrados. Aliás, só o embaixador Mário Vieira de<br />

Melo, um dos críticos que enriquecem a parte final da obra, apontou para os perigos reais<br />

no fenômeno de manifestação da democracia. Acentua Vieira de Melo (p. 468): "Se a<br />

igualdade gera a liberdade, ela gera da mesma forma a tirania... Só uma liberdade<br />

inteiramente independente do princípio da igualdade pode conduzi-la e guiá-la sem<br />

tropeços". E conclui exatamente com aquela pergunta angustiante que é também a nossa (p.<br />

475): "é preciso que as massas não diluam a democracia numa gororoba igualitária,<br />

perdendo com isso o poder de se autogovernarem e sendo levadas, em consequência, a<br />

transferir o poder político para algo fora de si mesmas — para uma força exterior que não<br />

poderia assumir outra forma que não fosse a de um tirano ou a de um ditador." Não é, essa,<br />

uma eventualidade ponderável?<br />

E só o professor Victor Márcio Konder, outro comentarista da obra, realmente<br />

evocou o problema crucial de nossa época, em que a equação de um país não pode ser<br />

resolvida in vitro, abstraindo o que se passa no mundo. Afirma com efeito Victor Konder:<br />

"...as diversas formas de democracia se defrontam hoje com a experiência totalitária,<br />

considerada não como uma forma de tirania particularmente exacerbada, mas como um<br />

regime de natureza diferente da democracia. A experiência tem ensinado que, onde se<br />

instala o sistema totalitário, fecha-se a porta a uma evolução pacífica para a democracia...<br />

Esta constatação implica em concluir que, embora a democracia seja um regime próprio de<br />

uma sociedade aberta, esta, sem violentar a sua natureza, tem o direito e o dever de<br />

defender-se contra os seus mortais inimigos".<br />

* * *<br />

323

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!