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O Dinossauro - Ordem Livre

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CONCLUSÃO<br />

Brasil,<br />

sociedade liberal-conservadora<br />

A coletânea de estudos coordenada por Hélio Jaguaribe, com a colaboração de<br />

Francisco Iglésias, Wanderley Guilherme dos Santos, Vamireh Chacon e Fábio Comparato,<br />

sob o título Brasil, sociedade democrática, apresenta-se como uma proposta intelectual,<br />

concreta e ambiciosa, para a Nova República. Seria um modelo oferecido para soluções<br />

constitucionais, segundo uma premissa fundamental que é definida por Jaguaribe como de<br />

"passagem histórica de uma democracia elitista a uma democracia de massas". O livro,<br />

entretanto, obviamente composto para o momento de inauguração da Nova República, é<br />

forte na crítica do regime anterior e medíocre na sugestão de saídas para os problemas do<br />

país. Uma clara impressão de déjà vu emana de todo o impressionante arrazoado...<br />

Para começar, Jaguaribe não define exatamente o que seja uma "democracia de<br />

massas". Suas ilustrações são mesmo ambíguas. Levam-nos a considerar com maior<br />

perplexidade a eventualidade de o Brasil se estar mesmo organizando como uma<br />

democracia de massas. Afirmar que temos graves problemas sociais para resolver, a<br />

começar pelos bolsões de miséria, não é novidade. Pelo menos desde 1930 que estamos<br />

conscientes disso, consciência que se aguçou com a revolução industrial promovida pelo<br />

presidente Kubitschek. O debate tem girado em torno das várias soluções e atores que se<br />

autodesignam quebradores de galhos e salvadores da pátria — todos, porém, insistindo no<br />

fortalecimento do Estado burocrático. Getúlio tentou pela tradição da ditadura positivista,<br />

contaminada de caudilhismo gaúcho". Os militares apareceram em 1964 como puritanos de<br />

Cromwell e também fracassaram. Da década dos 50 à dos 70 tivemos os economistas e<br />

tecnocratas, como "elite" condutora do desenvolvimento que, segundo a ESG, deveria<br />

fortalecer a segurança. Talvez estejamos agora assistindo à entrada em cena da Nova Classe<br />

de clérigos, em sentido amplo: de frei Beto e frei Boff a Jaguaribe, de Evaristo Arns ao<br />

Lula, de Matarazzo Suplicy a Fernando Henrique Cardoso.<br />

A gravidade dos problemas sociais e a necessidade de enfrentá-los é um fato.<br />

Educação, saúde, controle da natalidade, absorção na economia das massas rurais<br />

miseráveis, eliminação das favelas e do crime, elevação geral do nível de vida... Por que os<br />

autores, analistas eméritos, não deram uma palavra sequer sobre a questão central, que gira<br />

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