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O Dinossauro - Ordem Livre

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incapaz de corrigir esse mal.<br />

Sem grande profundidade sociológica, nem procura das causas históricas mais<br />

longínquas do crescimento do Estado burocrático em nosso país, Farhat toca, entretanto, no<br />

ponto essencial ao analisar "o crescendo paralisante da cupidez, cada vez mais desinibida,<br />

ensandecida mesmo, que caracteriza o comportamento parasitário" da hierarquia política, e<br />

burocrática, direta e indireta. O autor acumula uma lista realmente fenomenal de fatos<br />

relativos ao empreguismo desarvorado da administração pública, inclusive no Legislativo e<br />

no Judiciário. A ênfase se concentra no paralelismo entre o comportamento do funcionário<br />

público e o modo de vida do pássaro que, no Brasil afora, é chamado de "chupim",<br />

"godero", "gaudério" ou "vira-bosta". Essa ave, como se sabe, se distingue pelo seu<br />

parasitismo, por seu hábito perverso de pôr os ovos no ninho de outros pássaros, sendo que<br />

os filhotes do intruso acabam expulsando do ninho a prole do legítimo proprietário. Na<br />

linguagem popular brasileira o vira-bosta representa aquele "amigo de viver à custa alheia",<br />

"parasita" ou "marido de professora que vive à custa dela" (Pequeno Dicionário Aurélio).<br />

Em outras palavras, Farhat descreve o estamento que, esse sim, constitui a verdadeira<br />

classe opressora e exploradora da Nação, detentora de 75% da renda nacional. E a classe<br />

burocrática e seu apêndice, a intelligentsia — composta daqueles intelectuais que<br />

ambicionam se tornar burocratas — os dois estamentos que se declaram socialistas de<br />

esquerda precisamente porque estão interessados na manutenção do status quo. São os seis<br />

ou oito milhões de políticos e funcionários federais, estaduais e municipais, os "donos do<br />

poder". Nas 242 páginas de seu livro, o autor alinha uma soma enorme de citações, de<br />

exemplos e de notícias extraídas da imprensa para demonstrar aquilo que já foi descrito por<br />

Carlos Chagas, o representante de O Estado de S. Paulo em Brasília, como "a<br />

transformação do Estado na grande vaca leiteira nacional". O Brasil tem o orgulho de<br />

ostentar, diz Farhat, "o maior cabide de empregos do mundo ocidental". Tudo o que<br />

sabemos é que os Estados estão falidos, a maioria das municipalidades idem. Em Salvador<br />

há 35.000 funcionários, em Fortaleza 32.000, em São Luís foram demitidos 12.000, sem<br />

nenhum efeito sobre o Estado do Maranhão, Estado de que o excelentíssimo senhor<br />

presidente da República foi governador e que ostenta os mais horrendos índices de miséria,<br />

subdesenvolvimento, ignorância e mortalidade infantil. Em suma, Emil Farhat evidencia, e<br />

os atos confirmam, que "o divisor de comportamento ético que corre entre as duas<br />

Repúblicas ainda é o mesmo rio de águas turvas — alimentado pelo igarapé dos interesses<br />

particulares, poluído pela enxurrada do fisiologismo e do primarismo imediatista".<br />

Quero contribuir para o tremendo libelo de Emil Farhat com um único exemplo —<br />

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