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O Dinossauro - Ordem Livre

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Pouco a pouco reduzida pela inflação e a recessão à dieta de tortilla-e-feijão que<br />

corresponde ao alimento diário das multidões "libertadas" pela revolução de Zapata e<br />

Pancho Villa, de Madero e Carranza, de Obregon, Calles e Lázaro Cárdenas — a classe<br />

média mexicana, dedicada à livre empresa mas espremida entre aquelas massas e a<br />

oligarquia burocrática do Partido, tenta desesperadamente retomar o crescimento<br />

esperançoso que se registrou no princípio do boom industrial. Uma alternativa seria política.<br />

A pequena burguesia está começando a votar na oposição. Para o partido único da<br />

burocracia esquerdizante e socializante tem sido ominoso o crescimento de uma oposição<br />

"de direita", cristalizando-se em torno do PAN (Partido de Acción Nacional). Outra<br />

alternativa seria o refúgio do outro lado das fronteiras setentrionais. E não é de surpreender<br />

que a indigitada terra dos "imperialistas ianques" esteja recebendo a avalancha imigratória<br />

de "hispanos" — muitos dos quais constituem uma elite intelectual do que de melhor possui<br />

a América Latina para oferecer. O brain-drain não é aí palavra vã.<br />

Concluímos com a constatação de que é o México o exemplo supremo do poder<br />

hipnótico e desastroso do mito revolucionário de que nos fala o venezuelano Carlos Rangel.<br />

O mito é utilizado com perícia pela oligarquia do PRI. Um outro recurso estupendo é<br />

também regularmente posto em prática, segundo o exemplo da Europa oriental: derrama-se<br />

por cima do presidente que sai a responsabilidade por tudo que há de perverso no sistema.<br />

O homem que parte é o bode expiatório. O homem que entra é o Messias esperado que vai<br />

salvar a pátria. Balança-se além disso, ciclicamente, um período presidencial conservador e<br />

financeiramente austero, com um período presidencial progressista e pródigo. Mas até<br />

quando funcionará esse mecanismo maquiavélico? Nação já muito entranhada no caminho<br />

da socialização, dirigida por um partido ditatorial de índole pseudomarxista, alimentada por<br />

um nacionalismo histérico antiamericano cuja vitamina econômica é o capital norteamericano<br />

— pode o México tornar-se facilmente, por afinidade eletiva, uma área de<br />

influência soviética às portas dos Estados Unidos. Washington não parece muito consciente<br />

desse perigo, comparado ao qual Cuba, Nicarágua e Salvador seriam brinquedos de criança.<br />

No México poderá também um dia jogar-se a sorte do Ocidente...<br />

Há algo de depressivamente autodestruidor e sangrento no labirinto da solidão<br />

mexicano. Os aztecas sacrificavam anualmente milhares de prisioneiros no ritual do deus<br />

Huitzilopochtli: os corações das vítimas eram arrancados, ainda pulsando, como alimento<br />

sangrento necessário ao nascimento diário do Sol. Com algumas centenas de espanhóis a<br />

cavalo, Cortez conquistou o império dos Mexica porque as famosas "massas" indígenas<br />

acabaram se fartando da cruel insensibilidade da tribo dominante. Acolhendo os invasores<br />

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